sexta-feira, 24 de abril de 2015

Notas a um Cortejo sem Tradição (Parte II)

Nem de propósito.
Como diz o povo, "cada tiro cada melro".
 

 




Bonito serviço!
A legenda é dúbia: Percebe-se o FEP (Faculdade de Economia do Porto), mas não o nº 150.
Seja como for, é um "non-sense"

Mas não apenas de vermelho como também de ténis brancos:


 

Dirão alguns que os cartolados não estão trajados porque não andam de capa ou de gravata. Nada mais errado.



Recordo que desde há décadas que já  se institucionalizou a figura do cartolado na forma de como se apresentar vestido e das "insígnias" próprias dessa condição no cortejo.


A Cartola, bengala, laço e Roseta, surgidos no ano de 1931-32, adendam algo que era muito ligado ao traje académico, o qual é uma versão laicizada do deposto traje de "abatina".
Com efeito, a versão aburguesada do traje discente, está em tudo próxima (porque pretendia, precisamente, essa similitude) da indumentária usada pela dita "alta sociedade", pelos "gentlemen" da época.

Assim a cartola e a bengala (tal como laço e roseta) remetem para a figura que se pretendia evocar, aquela que se pretendia atingir: a do estatuto - traduzido pelas roupagens de quem ocupava um estrato social e posição superiores (e a alta sociedade, os endinheirados, os deputados, os doutores..... usavam precisamente a toilette ditada por essa etiqueta: fato, bengala, cartola...).
O uso da cartola, bengala, laço e roseta prefiguram, assim, na génese, uma antecipação daquilo que o recém formado sonha(va) e espera(va) atingir com canudo na mão.

Já os ténis em nada se conjugam com o simbolismo e analogia da cartola e da bengala, pois não são os ténis próprios à toilette burguesa ou, neste caso dos dias de hoje, associáveis a uma toilette formal.
Não vêm pois acrescentar nada, mas deturpar. Veja-se que cartola, laço, bengala e roseta não alteram o traje na sua essência, antes o aproximam ao modelo que lhe serviu de paradigma. Já os ténis substituem-se ao sapato. Ora os ténis não são próprios seja de que fato for, a não se o  fato de treino.
O que vemos na foto não é traje, mas ultraje.
Assim vão as modas no Porto.

SOBRE A ORIGEM  DA BENGALA, LAÇO, CARTOLA E ROSETA, CLICAR AQUI.
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Fotos de João Pedro Rocha, publicada pelo Facebook da FAP - Federação Académica do Porto em 10 Maio 2012: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.10151686207005284.835265.432040235283&type=3)

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