Não podemos negar que os primeiros tempos do republicanismo estavam pejados de verdadeiro fundamentalismo, de desbragado anti-clericalismo que viriam a ter o seu expoente máximo com a expulsão das ordens religiosas, nomeadamente na figura (hedionda, diga-se) de Afonso Costa, o conhecido como "mata-frades".
Do velho traje académico sobrou apenas a capa, grosso modo e a designação "batina"(ou seja "capa e batina" continuou a ser designação sinónima do traje estudantil), embora não existisse qualquer batina, mas uma casaca (que não é uma batina subida e adaptada).
Ramalho Ortigão foi um dos maiores críticos desta mudança afirmando ter sido o maior golpe dado á tradição (e com razão, diga-se), tal a mudança radical (pois não se tratou, na altura, de uma evolução, mas de radical mudança).
Aqui se deixam 2 artigos (ainda resultantes da minha passagem pela Biblioteca/Arquivo Municipal de Viseu).
O primeiro que reproduz os argumentos de um feroz crítico do traje clerical, um tal Alexandre Conceição, jornalista e intelectual da época, que refere a visita de um engenheiro francês, a quem mostrou a cidade de Coimbra, e que fica admirado por haver tantos "abades" na rua (e tão novos). Inteirado de que eram estudantes no seu traje estudantil, acha disparatado tal, terminando o artigo a acusar que tal uso é retrógrado e indigno d euma sociedade que se quer moderna e a acompanhar os tempos actuais.
O segundo é precisamente um informe do reitor da Universidade de Coimbra, sobre o aprumo desejado no corpo discente, o qual estava sujeito às regras e códigos de etiqueta que regiam a vida estudantil.
Jornal A Liberdade (Viseu), de 22 Abril de 1886, 16º Anno, Nº 803
Jornal A Liberdade (Viseu), de 22 Outubro de 1886, 16º Anno, Nº 829
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