sexta-feira, 25 de abril de 2014

Notas ao Código da Praxe da FCT/UNL (2014)


Vamos, desta feita analisar um código recentemente revisto (data a sua aprovação de Maio deste ano)  e anunciado "urbi et orbi" no FB.
Trata-se do novel código dos praxistas da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa.
 
Estamos perante um documento elaborado numa época em que o acesso facilitado a informação credível implicaria, a nosso ver, um maior cuidado na elaboração, aliás, era o mínimo exigível (competência e qualidade). Basta surfar um pouco (e com critério) na web que logo nos deparamos com info em grande quantidade (depois é confrontar, reflectir, questionar, perguntar...).
 O que, na verdade, encontramos é mais uma extensa lista de equívocos e erros, levando-nos a perguntar que tipo de exigência, rigor e excelência norteiam os alunos por detrás deste código, pois não nos parece consentâneo com alunos universitários, menos ainda num trabalho publicado e destinado a um grande público.

 
O código em questão foi publicamente disponibilizado no site do respectivo Conselho de Praxe:
 e pode igualmente ser encontrado aqui:
 Vamos, pois, salientar apenas alguns dos muitos erros (e algumas graves idiotices também) que constam deste documento.
 





Artº 1º
(Definição de Praxe)
 
 O Artº 1º começa por uma definição de Praxe que vem na senda do copy-paste costumeiro, esquecendo-se os autores que a Praxe deve ser  entendida como a Lei Académica que define aquilo que, na Tradição, é objecto de regulamentação e que está sob a sua jurisdição (significa isso que nem tudo na Tradição Académica é -da- Praxe, como aliás se evidencia no seguinte artigo: http://notasemelodias.blogspot.pt/2014/07/notas-sobre-as-praxes-praxe-e-tradicao.html).
 Depois, afirma que introduz o “conceito de Dura Praxis Sed Praxis”, definindo tal como, e passamos a citar, “… o encarar de adversidades e a sua superação.”. Absurdo, obviamente, pois o lema, copiado directamente do “Dura Lex Sed Lex” quer tão somente dizer, por analogia ao direito, que “A Lei Académica é Dura”; que é assim, mas é igual e aplicável para todos, sem distinção.
Já na alínea F, afirma que qualquer estudante está sujeito à Praxe, ou seja nem contempla o direito de não querer aderir. Na verdade, mais à frente, virá a palermice do “anti-praxe”, mas, mais uma vez, nem isso sabem o que é.
 Já sem qualquer nexo é pretender que um estudante que não seja da FCT/UL (a que, estranhamente, chama de “peregrinos” – ou seja uma designação sem qualquer sentido) possa ser praxado, se desrespeitar o presente código, e que um doutor de outra instituição possa ate ser declarado caloiro caso desrespeite as normas do código da FCT/UL. De tão ridículo que é, nem vale a pena mais delongas.


 
Artº 5º e 6º
(Matrícula)

 

Quando os estudantes se metem onde não sabem, dá asneira. Com efeito, pretendem que uma matrícula só é válida se o estudante terminar o ano lectivo sem anular a matrícula.
Não sabem os autores deste código que quem determina a validade da matrícula é a instituição de ensino? Não sabem os autores que a matrícula é válida, termine-se, ou não, o ano lectivo? Legislem sobre o que vos compete e deixem as coisas sérias para instituições a sério.
 Já no artigo 6º afirmam que matrículas feitas noutras instituições de ensino superior não são válida na FCT/UL.
É algo sem sentido e, mais uma vez, metem-se onde não têm competência. Quem define isso é a instituição de ensino, à qual compete dar, ou não, equivalência. O Ministério da tutela, pro seu lado, reconhece a matrícula feita na secretaria de qualquer instituição reconhecida, independentemente de, depois, haver, ou não, lugar a equivalência de cadeiras.
Tradicionalmente (ou seja segundo a Tradição), a Praxe reconhece SEMPRE qualquer matrícula feita numa instituição de ensino superior.

 

Artº 8º
(Deveres e Direitos do Caloiro)

 
Deveres

Inexplicável que se afirme que o caloiro deve jurar respeito e vassalagem aos superiores hierárquicos (alínea B). O tempo do fascismo já lá vai, meus caros. O que é devido é o respeito, apenas isso; e esse é um dever recíproco. Aliás, pior ainda quando afirmam (Artº 12º) que o caloiro deve obediência eterna ao padrinho/madrinha. Ridículo.
Do mesmo modo, o caloiro não tem qualquer dever de procurar ajuda para realizar matrícula (alínea D). É absurdo obrigar alguém a pedir ajuda, mesmo que não precise.
Do mesmo modo, não tem validade afirmar que os caloiros têm o dever de obedecer, conquanto, dizem, isso não viole o presente código (alínea E). Isso é coação, sem pôr em tirar.
 O que devem é obedecer em conformidade com o respeito devido à hierarquia (e conquanto essa se dê ao respeito), desde que isso não viole as mais elementares regras de educação e civismo.

Por fim, o caloiro não tem nenhum dever em participar seja de que actividade for (alínea G). A participação deve ser sempre livre e sem condição ou castigos. Quem não adere não tem de ficar sujeito a castigos ou restrições.
 
Deveres

No que respeita aos direitos, criticaremos a alínea N, onde se afirma que o caloiro, tendo direito a recusar ser praxado, é, contudo, obrigado a apresentar razões plausíveis. Ou seja, se não forem plausíveis (pois têm de ser analisada pelo Conselho da Praxe), parece que a coisa fica em “águas de bacalhau”.
Mas desde quando um caloiro tem de apresentar razões para dizer “não”?
Não, meus caros, isso não é Praxe, é insasatez legislativa e fomentar a coação. Assim começam os abusos.
Já na alínea P, diz o código que o caloiro tem direito de, e passamos a citar, “...dar conhecimento ao Conselho ou Comissões de Praxe (CoPe) de qualquer iniciativa praxante que desrespeite este Código,…”. Parece normal, mas não é. Isto porque o direito é, antes de mais, de apresentar queixa de qualquer iniciativa que desrespeite o próprio caloiro e a sua dignidade. Isso sim é que é da Praxe, e não denunciar violações ao código, quando o código pode, porventura, permitir coisas que a lei geral define como crime.
O último dos direitos do caloiro é o de se declarar “anti-Praxe”. Pena que os legisladores mostrem tanta falta de conhecimento e reflexão sobre esse conceito erróneo e falso de “anti-Praxe”. Mais adiante, a isso voltaremos.

 

Artº 13º
(Protecções)

 
Lamentavelmente, os autores não procuraram saber nem de Praxe nem de Tradição, ao afirmarem e legislarem que o caloiro não tem protecção alguma, antes de ser apadrinhado/baptizado (e, depois, só a do padrinho, note-se).
Seria bom procurarem informar-se sobre o assunto, porque o que legislam é, isso sim, anti-Praxe e desrespeita a Tradição.
Contrariarem e legislarem de forma contrária a uma tradição de séculos é demasiado grave. Mas lá está, que sabem os autores de apadrinhamento, da sua origem e significado? Poderiam saber, que a informação existe (e certamente que têm acesso à net):
http://notasemelodias.blogspot.pt/2014/03/notas-ao-apadrinhamento-do-caloiro-das.html
 
Dizer que, mais à frente, no artº 33º, é tipificado um conjunto de práticas tidas como proibidas nas praxes, contudo deixam a porta aberta a dezenas de infracções e abusos, pelo que são uma peneira para tapar o sol. Tanto assim é que o Artº 34ª diz que tudo o resto que não esteja no artigo anterior é permitido. Isso, meus caros, além de perigoso é ingénuo (para ser simpático).

 

Artº 16º
(Hierarquia e LATIM)

 Diz o artigo que cada elemento do CoPe (organização a nível de cada curso) deve apresentar a sua denominação com o nome do curso em latim. Isto numa instituição onde os alunos não têm latim, deve ser milagre.
Depois, para rematar a coisa, apresentam as seguintes designações dos cargos, naquilo que latim não é certamente e o macarrónico não bate assim: Praxis Presidentis - Presidente; Praxis Consiglieris – Conselheiro; Praxis Archivisti – Secretário; Praxis Inquisitori - Restantes.
Pena, de facto, que ao invés de simplificar, prefiram meter-se em atalhos que se revelam labirintos. Quem não sabe não inventa, meus caros. Usem a língua portuguesa, na falta de saberem mais; ou então peçam a quem saiba de latim e latim macarrónico, porque há regras (não basta “alatinizar o português”). Vejam Aqui:
 Já agora, o que consta do Artº 16º está errado, não se escreve “Eternum”, mas sim “Aeternum”.
 
 
Artº 23º
(Definição do Conselho de Praxe)

 
Apenas criticar veementemente a designação de Praxis Inquisitori Generalis (um dos cargos dentro do conselho).
Misturar inquisição e Praxe é dar razão a todos os que acusam a Praxe e a condenam.
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. Fica mal, é de mau gosto profundo e contrário àquilo que deveria presidir à Praxe – além de prejudicar a sua imagem e a imagem das Tradições.
Difícil acreditar que são jovens adultos a imaginar e promover coisas destas.
Aliás, sobre a escolha de designações e nomes de hierarquias, ora leiam:

 

 
Artº 30º
(Tipos de Penas e/ou Castigos)


Aqui, neste artigo, o código torna-se claramente anti-Praxe e por isso pode ser considerado nulo, sem validade alguma.
Desde quando se pode conceber como castigo ou pena a proibição de trajar?
Sabem os autores que o direito a trajar é inalienável e que é um direito que se adquire logo que qualquer caloiro se matricule? O Traje é o uniforme do estudante, com uma história e tradição seculares.
Não existe nenhuma legalidade em proibir seja que estudante for de trajar, muito menos de decretar penas ou castigos no sentido de proibir o seu uso. Não tarda e fazem como os idiotas da Lusófona e concebem queimar o próprio traje, não?
O que a alínea C deste artigo contempla é lamentável!

 
Artº 36º
(Anti-Praxe)


Mais uma vez, mais do mesmo: ignorância.
O pobre que se declara “anti-Praxe”, ou seja que recusa ser praxado (com ou sem razão – porque isso o código omite convenientemente) fica proibido de trajar, participar das actividades académicos, usar pasta e fitas de finalista…… um rol de proibições que além de infundadas põem em causa a credibilidade de que as promove.
Em tempo algum um aluno pode ser impedido de tal pelo simples facto de se ter recusado a ser praxado. Praxe não é recruta, nem nunca foi condição sine qua non para participar da vida académica.
Lamentavelmente, as elites que orientam a Praxe na FCT/UL fazem pouco jus à expectativa de serem pessoas que de facto sabem do assunto. Na verdade antes desrespeitam e delapidam a Tradição.
A figura o do “anti-Praxe” não se define assim, ora vejam:
 O Caloiro em/na Praxe:
 O Mito dos "Anti-praxe":
 Da noção de Praxista:

 

Artº 37º
(Traje Académico – definição)

 

Diz o documento o seguinte:
  “O Traje Académico, constituído pela Capa e Batina, é um símbolo Académico que visa salientar a igualdade e a simplicidade, e não o elitismo. Serve como elemento uniformizador, permitindo a normalização de estatutos sociais e económicos de todos os estudantes.”
 
Lamentável que, em 2014, ainda estejamos a ler estórias da treta sobre Traje Académico.
Jamais visou igualdade (isso é uma consequência de qualquer uniforme) e normalização de estatutos sociais e económicos.

Não se percebe que os mais altos responsáveis da Praxe da FCT/UL demonstrem tão pouco saberem do assunto. Que credibilidade podem depois ter? Nenhuma, obviamente.
Se fosse pedido, numa qualquer cadeira do curso, um trabalho sobre o traje era isso que colocavam? E que bibliografia/fontes citariam? Estou curioso em saber.
 Aconselha-se a leitura do seguinte:
 A verdadeira origem e evolução da Capa e Batina:
 Evolução do Traje Académico e o Mito Igualizador:

 Origem do traje feminino:
 
Claro está que essa coisa de dizerem que o último botão do colete não se aperta (alínea C) vale zero. Aperta-se onde houver botões para apertar, caso contrário não estariam lá.


Artº 38º
(Traje Masculino)

Logo na primeira alínea se afirma que a batina não pode ser retirada seja por que motivo for. Sem fundamento algum. Até uma criança percebe isso.


Artº 40º
(Restrições ao uso do Traje)

 
Começa “bem”, mais uma vez, na tanga da igualdade, mandando retirar todas as etiquetas do traje, coisa que não apenas não tem sentido ou fundamento, como esquecendo que não se passa revista ao interior do traje. Não meus caros, as etiquetas não são assunto da Praxe.
 - Proíbe (alínea C) qualquer tipo de adornos, mas permite, pasme-se, o uso de anel de curso (ora, quem o tem terminou o curso, pelo que já não usa traje – e se antes era a licenciatura, hoje usa-se quando se completaram os estudos que permitem acesso pleno à carreira) e pulseiras medicinais (deve ser o Prof. Karamba a receitar ou aquelas que se anunciam com propriedades curativas milagrosas nos classificados) ou controlo desportivo (que não fazem falta quando se traja).

 - Depois, na alínea D, proíbem-se os piercings, excepto os faciais (desde que supostamente discretos), ou seja exactamente aqueles que colidem mais na imagem de simplicidade e rigor que presidem ao uso do traje. Para quem clama a ideia do traje igualizador e que só a inteligência e mérito académico é que devem distinguir os alunos trajados entre si parece-nos isto um ridículo contra-senso.
Obviamente que também sugerem adesivos a tapar, o que, como diz o adágio é tornar a emenda pior que o soneto.
Na verdade, e em bom rigor, quem usa traje deve deixar os piercings em casa. O Traje é um uniforme e, como qualquer uniforme, não é compatível com piercings e afins.
 
Agora leiam esta pérola que é a alínea F:
 “ Os pins, quando usados, devem ser fixados na lapela direita do casaco/batina e em caso algum deverão ser colocados na gola ou no lado esquerdo da batina/casaco. O seu número total deve ser ímpar;”
 
Mais uma vez encontramos este tipo de ornamentação carnavalesca, colidindo com o aprumo que merece um traje. Pins na gola? E onde mais?
 Sobre o uso devido e origem dos pins, é favor ler:
 E quanto à questão do Nº ímpar, queiram acabar de vez com mitos sem nexo:
 
Os relógios de pulso estão proibidos pela alínea J, provando a ignorância de quem legisla com base no “acho que” ou no “ouvi dizer”.
Não, meus caros, os relógios de pulso não são proibidos. Proibido deveríeis estar de vós de legislar com tanta incompetência.

 
Sobre os relógios de pulso e o traje:
 

Artº 41º
(Normas de Utilização do Traje)

 Começa por dizer que o traje é um direito do estudante universitário (mesmo se se reservam para si a presunção do o poderem proibir a quem o tem, como forma de castigo).
 - Na alínea A afirma o código que a capa não pode ser herdada, ou seja eu não posso dar a minha capa a um dos meus filhos, nem nenhum estudante receber a sua como legado familiar.
Era o que mais faltava. Mas esta gente pensa ao menos?
Vão verificar o nº de série da capa de cada estudante é?
Não, meus caros, todo o traje pode ser herdado seja de quem for, como aliás era prática antigamente. Tenham ao menos o bom-senso de procurarem informação antes de se meterem nestas argoladas. Aliás, um pouco de bom-senso bastava.
 - As dobras da capa, meus caros, que vocês contemplam na alínea C são as que cada um quiser e achar mais cómodas para andar com a capa aos ombros. Por isso, essa coisa de ser uma dobra por X e outra pro Y ou pelas almas do purgatório é treta pegada.

Nem mesmo o ombro tem de ser o esquerdo, mas aquele que mais der jeito. Já lá vai o tempo em que obrigavam canhotos a escrever com a direita. Aliás, tradicionalmente, a capa usa-se no ombro que se quiser, depois é que vieram esse mitos reguladores da treta que são mais papistas que o Papa.
 - E, com que então, os emblemas da capa não podem estar visíveis do pôr-do-sol ao amanhecer? Viram isso em que novela ou revista cor-de-rosa?
 - Com que então a capa só se usa descaída em aulas teóricas de catedrático (alínea E)? E em locais de culto ou durante cerimónias e actos solenes não?
 - Com que então a capa não pode distar do dono mais que 7 passos? A que propósito? Com base em que fundamento?
Não, meus caros autores, a capa pode estar até a 500 metros se preciso for. Isso é da única responsabilidade do dono que pode ficar sem ela.
 - Claro está que para compor este elenco de palermices, tinha de vir a escatologia (já nos cheirava ao longe) de afirmarem que a capa não se lava.
A isso se chama falta de higiene e falta de senso. Pior ainda quando presumem punir quem o faça. Uma idiotice de todo o tamanho.
 Queiram ler e perceber, de uma vez por todas:

 
- Sentido algum tem, igualmente, pretender-se proibir um caloiro de traçar capa (alínea P), pois isso não tem fundamento nenhum (como o não tem só lhe permitirem o uso do traje depois de X ou Y). No fim do artigo falaremos da cerimónia do “traçar da capa”, que expressa este tipo de equívoco.
 - Quanto à colocação de emblemas, mais uma vez incorrem em alguns erros, nomeadamente contemplando a colocação de emblemas da terra dos pais ou deixando ao critério do aluno todos os demais que não os fixados como obrigatórios, desde que não atente ao código, esquecendo que existe uma praxis e um porquê dos emblemas:
 
E sobre a questão do nº ímpar, uma vez mais recordamos, a ver se param de dar corda a mitos e superstições que nada têm a ver com Praxe:

 

Artº 43º
(Finalistas – Insígnias, Pasta…)

 
Começamos por não perceber o que é isso do finalista usar Grelo (Alínea A), quando  o Grelo é uma insígnia pessoal centenária que não é de uso dos finalistas.
Mais ainda quando afirmam que o Grelo é composto por um pin da FCT/UL e uma fita timbrada com o logo da Universidade.
Isso é um Grelo?
Lamento, mas isso pode ser tudo menos um Grelo.
 Depois, na alínea C, temos um elenco de “curiosidades” que passamos a citar:


“Pasta de Finalista – usada aquando da Benção de Finalistas que deverá ser composta por:

i) Fitas azuis e/ou Fitas verdes (cor da Faculdade e cor da Universidade)
ii) São de uso facultativo:
a. Fita de cor branca – fita destinada a fins religiosos
b. Fita de cor preta – designada como fita da sorte
c. Fita de cor vermelha – fita destinada ao amado/a. “

 
Começamos logo por perguntar onde definem a Pasta de Finalista (que, na verdade se chama Pasta apenas ou na gíria por “Pasta da Praxe”), pois o código não o faz. Por isso parece que vale tudo, começando desde logo por se dobrarem ao que impõem as lojas de artigos académicos (Sobre as Lojas de "Artigos Académicos":
http://notasemelodias.blogspot.pt/2013/03/notas-as-lojas-de-artigos-academicos.html)


Sobre o uso da Pasta e das Fitas para os finalistas, queiram ler, com olhos de ler:
 
e

 
Depois, não se percebe onde forma buscar essa coisa de “fita destinada a fins religiosos” ou aquela que é “designada como fita da sorte”.
Onde foram inventar isso? Inspiraram-se na revista Maria ou foi num anuncio da Ideia Casa?
 Caso tenham lido os artigos supra-mencionados, perceberão que as fitas são num total de 8 apenas e da cor da faculdade/curso. Isto respeitando a secular tradição da pasta e fitas que os finalistas usam.
 Nada se diz do uso da cartola, bengala, rosete, por parte dos finalistas, no cortejo (http://notasemelodias.blogspot.pt/2014/04/notas-origem-da-cartola-bengala-e.html)
 Do mesmo modo, e associado so festejos académicos, nada se refere sobre o grito académico (http://notasemelodias.blogspot.com/2008/09/notas-sobre-o-grito-acadmico-fra.html).
 


Artº 45º
(Capítulo IV – Solenidades)

 Quanto aos momentos eleitos como solenes, muitos equívocos se registam.
 

 Termina o código como artigo 48º sobre “Validade e credibilidade”, afirmando que:
  Este Código é regente de todas as actividades de Praxe da FCT/UNL e deve ser cumprido por todos os estudantes que pretendem exercer Praxe nesta e só nesta Instituição.”
 
Depois de lermos o documento de fio a pavio, vemos pouca credibilidade no conteúdo e nos autores do mesmo. Já a sua validade é a que lhe quiserem emprestar os alunos da FCT/UL.
Um código que deixa de fora a Queima, a imposição de insígnias, a definição de insígnias de Praxe
 
Da nossa parte, apenas podemos sugerir nova revisão, assistida de séria investigação, estudo e leitura (não é, afinal, só o Relvas a precisar de estudar), de modo a serem corrigidos os erros e a conferir a desejada qualidade ao documento, em prol de uma Praxe que respeite a Tradição.






Deixamos algumas sugestões:
 Conjunto de links para artigos sobre Tradição e praxe Académicas: https://drive.google.com/?tab=wo&authuser=0#folders/0B0Zh3rWCBd2DOFpMeFdJUnYyM1E
e
Alguma bibliografia online:
 
 
 

 

 

Notas de repúdio à "Praxe"na ESTeSL

A imagem fala por si e já corre as redes sociais, despertando a esperada indignação de quantos véem esses preparos por parte de estudantes trajados, neste caso pertencentes à  Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL)
É por essas e por outras que a credibilidade da Praxe e imagem do estudante universitário estão como estão.
Lamentável quer pela falta de decoro e civismo (e verdadeira idiotice), quer pela total falta de senso ao não perceberem o impacto de tais posturas.

Custa a acreditar que seja gente a cursar o ensino superior.
É verdade que a inteligência não escolhe estratos sociais (e ainda bem), mas educação não depende nem das origens nem da bolsa.




Se roupa cara não esconde educação barata, muito menos o traje académico esconde a mediocridade de quem o veste.




Notas ao Copy-PESTE praxístico - o suposto exercíco da tradição e da Praxe

Copy-PESTE, exactamente assim, porque traduz perfeitamente o que sucedeu à Tradição e à Praxe e ao que hoje é doutrinado e codificado em praticamente todas as academias do país como sendo tal.

Repetem-se os erros, aliás copiam-se e adicionam-se outros tantos, e a tudo se chama Tradição e Praxe, sem contudo haver o mínimo de cuidado em verificar, confrontar fontes e, de facto, perceber o que se diz, conceptualiza,  pratica.

Depois, pior que tudo isso, é perseverar no erro, mesmo depois de saber que o é.

Deixo este texto que merece reflexão, porque  perfeita metáfora para o que, nestes últimos 25/30 anos (especialmente nos últimos 15/20) tem ocorrido:


"CÓPIA DA CÓPIA MULTIPLICA O ERRO!
 

Um jovem noviço chegou ao mosteiro e logo lhe deram a tarefa de ajudar os outros monges a transcrever os antigos cânones e regras da Igreja.

Ele se surpreendeu ao ver que os monges faziam o seu trabalho, copiando a partir de cópias e não dos manuscritos originais.


Foi falar com o velho Abade e comentou que se alguém cometesse um erro na primeira cópia, esse erro se propagaria em todas as cópias posteriores. O Abade respondeu -lhe que sempre tinham feito assim, que há séculos que copiavam da cópia anterior.... na verdade, desde o início da Igreja, para poupar os originais.

Mas admitiu que achava interessante a observação do noviço.

Na manhã seguinte, o Abade desceu até às profundezas do porão do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos e pergaminhos originais, intactos e com a poeira de muitos séculos...

Passou-se a manhã, a tarde e a noite, e ninguém mais vira o Abade.
 
O último que o vira informou que ele estava indo em direção ao porão. Preocupados, o jovem noviço e mais alguns monges decidiram procurá-lo.

Nos labirintos do mais profundo e frio compartimento do porão, encontraram o velho Abade completamente descontrolado, tresloucado, olhos esbugalhados, espumando e com as vestes rasgadas, batendo com a cabeça já ensanguentada nos veneráveis muros do mosteiro.

Apavorado, o monge mais velho do scriptorium perguntou:

 - Mas, Abade, pelo amor de Deus, o que aconteceu?

 - IMBECIL! IMBECIL! IMBECIL o primeiro copista!!! Desgraçado, que arda no Inferno! CARIDADE!!!!! ... era CARIDADE!!!! Eram votos de "CARIDADE" que tínhamos que fazer... e não de "CASTIDADE"!!!...."


Não é difícil, pois, perceber por que razão as coisas chegaram ao estado em que estão, no que diz respeito à noção de Praxe e ao conceito de Tradição Académica, sendo os códigos de praxe um perfeito exemplo da falta de critério, de qualidade, de competência que reinam por mão de ignorantes praxeiros, instalados em tronos que, quais sanitas, debitam peste.

E o que mais surpreenderá é perceber como é que tantos estudantes, ditos do Ensino Superior, parecem passar aos organismos de praxe como que uma procuração para que outrém pense por eles, seguindo regrazinhas e invenções em total cegueira, em fila ordeira e submissa, e capazes de cometer os maiores disparates e atentados à Tradição, só porque se fiam mais no nº de matrículas do que em verificar da autenticidade das doutrinas e dogmas destilados por gente incompetente e ignorante, que reina pelo simples facto de ser veterano, membro do conselho da praxe ou da comissão lá do bairro.

Mérito académico no que concerne a Praxe e Tradição....... isso já não se exige a quem manda, infelizmente.


Nota: O texto chegou-me por via do José António Balau, figura de destaque da Praxe e Tradição Académicas da academia do Porto.

Notas à Praxe (des)importada.

Um argumento muito recorrente nas novéis academias é: "Não temos de seguir à risca Coimbra, porque temos as nossas próprias baseadas na nossa história local".
 
Então reflitamos:
Coimbra serviu ou não de modelo, como Alma Mater, para as Tradições e a Praxe estudantis existentes?
Se serviu, em que medida se pode importar avulso?
Com que legitimidade?
Pede-se uma nota de 5 euros e mete-se lá mais um zero esperando que passe por uma nota de 50?
Quem querem enganar?
 
É a Tradição rodízio onde a pretexto de implementar tradições estudantis, se faz corte e costura seguindo modas em vez de, precisamente, seguir a Tradição?
Metem-se pinheiros no lugar de árvores de fruto e pretende-se que continua a ser um pomar?
Mas querem enganar quem?
 
Se as nóveis academias usam traje estudantil (capa e batina ou imitandoa mesma), usam e impõem insígnias como grelo e fitas, usam pasta, fazem Serenata Monumental, têm Cortejo da Queima, têm Latada e Baptismos de caloiros, Julgamentos, Apadrinhamentos, Missa de Benção das Pastas, Praxe e praxes, usam insígnias de praxe e pessoais, cartola e bengala nos finalistas, usam terminologia e hierarquia inspirada na Praxe coimbrã (caloiro,doutor, veterano, Dux....ou equiparado) ............ como negar que a sua legitimidade assenta precisamente nesse franshising?
Mas se é franshising, até ele tem regras.
O Mc Donald's de Odivelas pode usar o logo da Mercedes, vender cachorros e missangas e continuar a pretender ser o Mc Donald's, só porque vendem Happy Meal de cerveja?
 
 
Se não querem copiar, então não usem nem façam nada do que acima se menciona. Nem queima, nem insígnias, nem traje, nem coisa nenhuma. Façam outra coisa, mas nenhuma das acima mencionadas.
E não usem sequer o termo Praxe Académica, praxar, praxista ou Tradição Académica.
Não se é meio engenheiro, meio médico ou meio ateu.
 
 
Ah, falta essa coisa bizarra das "Tradições da terra".
Quando nos deparamos com tal justificativo/explicativo, redobra o ridículo onde mingua o senso.
Que tradições locais, autóctones, próprias e singulares existem em Viseu, Leiria, Faro, Covilhã, Viana ou Alguidares de Baixo que permitam deturpar a Tradição Académica Nacional e nela enxertar excentricidades folclóricas museológicas ou figuras históricas kitadas?
 
[Sim, tradição nacional, porque a Tradição e a Praxe são um património que embora tendo por berço Coimbra, se tornaram, desde finais do séc. XIX até aos anos 60 do séc. XX, cultura sem fronteiras distritais, concelheias ou de freguesia.]
 
Que tradições estudantis locais foram desenterradas para permitir e legitimar que, por cima da importação ,se proceda ao desmebramento e desvirtuamento da Tradição?
Em que é que se arrogam as nóveis academias para justificar tão significativas diferenças e desvios, a ponto de delapidarem a Tradição que importaram?
Pois. É que se inteligência houvesse para, pelo menos, procurar essas anteriores tradições académicas, iriam, pasme-se, encontrar uma riquíssima tradição académica com sede nos liceus.
E de onde veio essa tradição académica liceal?
De Coimbra, pois claro. Uma tradição que não passava por importar tudo, diga-se. Mas aquilo que se trazia "ad intra" era respeitado e honrado tal qual, merecendo o respeitoe carinho "ad extra".
Mas havia espaço a actividades próprias? Havia, mas sempre com base na observânciae respeito pela Tradição, começando no traje nacional (capa e batina), passando pelos ritos de recepção aos novos alunos e terminando nos bailes de gala, récitas e cortejos de fim de ano (para só citar alguns acasos).
Pois é. É que se querem falar de tradições estudantis locais, elas existem, e apontam exclusivamente para os liceus.
Mas alguém se lembrou de tal? Se se lembrou, cedo preferiu esquecer (para melhor inventar o seu umbigo), até porque para os alfaiates estilitas e modistas de ocasião, era incómoda essa tradição do uso do traje nacional no liceu local ,ao longo de décadas.
 
A Praxe e a Tradição sofrem de processos de continuidade e ruptura. O que não podem é romper com a própria Tradição, com o que é basilar, querendo artificialmente implementar algo de novo, mas vestindo e aparentando velho (para conferir "pedigree de inglês ver").
Tanto esforço por ficcionar e inventar que podia ser aproveitado para conhecer, questionar e ponderar.
 
Tradição e Praxe há só uma, precisamente aquela que foi transversal de norte a sul do país e ilhas, desde finais do séc. XIX até ao luto académico de 1969.

Não se percebe é como, depois, se ignorou isso (ou até se percebe), deixando que se instalasse uma verdadeira e medieva idade de trevas no que concerne estas matérias.

Podem existir pequenas cambiantes, pequenas adaptações, espaço para a identidade própria, sem que isso signifique sacrificar o próprio conceito de Tradição e vergá-lo à mediocridade de quem faz da ignorância o seu cartão de visita e pede que todos lhe passem procuração para livremente codificar palermices (que depois todos seguem em fundamentalista manada).
 
Não tem de ser "igualzinho" a Coimbra, têm é de ser Tradição Académica, aquilo que lhe confere precisamente esse statvs qvo, ou seja, o que é essência e cerne, algo que para ser Tradição transporta um conjunto de usos e costumes anteriores aos adornos, aos enfeites, ao embrulho.

Notas aos logotipos praxísticos


O presente artigo visa reflectir sobre a simbologia, a iconografia utilizada pelos organismos de Praxe para se identificarem e identificarem a sua actividade.
Tradicionalmente, servem para ilustrar os diversos logotipos associados a Comissões de Praxe ou Conselhos de Praxe/Veteranos as insígnias de Praxe, a saber a colher de pau, a moca e o par de tesouras (Sobre a origem e história das Insígnias de Praxe, ver AQUI)
Estas insígnias estão directamente ligadas a uma primeira concepção de Praxe, a qual passava exclusivamente pela relação entre caloiros e veteranos.
Expressão mais visível de tal eram, naturalmente, as trupes e o gozo ao caloiro.
De todas essas 3 insígnias, a mais antiga ligada aos ritos com caloiros será a tesoura, ligada ao ritual da tonsura, seguindo-se a moca (usada como arma nas refregas entre estudantes, ou entre estes e os futricas) e, mais tarde, a palmatória. Quando a palmatória é abolida, recupera-se, em sua substituição, a colher de pau, numa romanceada reabilitação dos antigos sopistas.
 
A figuração trinitária dessas insígnias é fortemente divulgada graças aos desenhos que ilustram a capa de duas obras incontornáveis do imaginário académico: O Palito Métrico (edição de 1942) e o Código de Praxe da UC, editado em 1957 (e usadas igualmente na capa da obra "O Espantalho da Praxe" de 1958).
 
A associação à Praxe dessas insígnias cristaliza-se e passam as mesmas a ser usadas como logótipo para documentos de cariz praxístico.
Se bem sabemos que Praxe não se restringe ao relacionamento entre caloiros e veteranos, e muito menos aos ritos de recepção dos novos alunos, o facto é que a trindade das insígnias em causa ganhou esse reconhecimento simbólico e, por isso, usado, por exemplo, no emblema do Conselho de Veteranos de Coimbra, e de muitos outros que na mesma passada adoptaram tal como representativo, por sinédoque (uma parte que representa o todo).
Até aqui, "so far so good"; mera constatação de factos.
 
O que já nos poderá causar estranheza é a pródiga capacidade que alguns têm de contaminar a simbologia com adornos que resultam mais de romancismos ficcionados e de alguma falta de senso.
Muitos dos logotipos que encontramos parecem dar maior primazia a uma certa mensagem de intimidação iconográfica, metendo caveiras, por exemplo, quando estas nada têm a ver propriamente com Praxe (antes sim um elemento cénico, adereço usado nos julgamentos, a par com velas, livros a fazerem de códigos de leis, etc.). Aliás, temos, até, quem só utilize a caveira como figura identificativa.
 
E quando não são caveiras, são ossos cruzados ou desenhos de doutores embuçados em torno de um caloiro com ar ameaçador.
Aliás, são inúmeros os desenhos que, na qualidade de logotipos de organismos de praxe, parecem visar uma clara intimidação, inspirar medo e temor.
Não se percebe tal, se um organismos de praxe existe precisamente para regular e supervisionar a etiqueta académica  e o cumprimento das normas; se existe para orientar e se existe para controlar e evitar quaisquer abusos. Parece-nos que a iconografia que muitos deles utilizam expressa precisamente o contrário.
Pena é que, em virtude das funções de um organismo de praxe, assente na Lei Académica (e esta, de acordo com a Tradição), não haja, por exemplo, a figuração de uma balança, precisamente para exprimir a função da Lei e do organismo que tem o dever de por ela zelar, em consonância com o lema "Dura Praxis Sed Praxis" que, adaptado do "Dura Lex sed Lex", significa apenas, e só, que a lei académica, a Praxe portanto, é "dura" em razão de ser equitativa e igual para todos.
 
Esse especial gosto pelo mórbido, pelo cariz fúnebre e cadavérico em nada abona em favor da Praxe e muito menos dos organismos que assim se apresentam: como carrascos,  como inquisidores.
São esses mesmos que, paradoxalmente, vêm depois afirmar que os ritos com caloiros visam a integração. Com tais sinais de "trânsito", como tal sinalética identificativa............ não estamos em crer.
E a imaturidade não pode ser desculpa para a falta de senso.
 
Depois, temos, num outro patamar, o desvirtuar das insígnias de praxe, substituindo-as, pasme-se, por vassoura, remos, rolo da massa e corda de enforcado, pá e chave de boca, ceifeira e/ou forquilha, naquilo que é um exercício de puro ridículo.
Entenderemos que a ideia será expressar o âmbito, o contexto (uma escola agrária, por exemplo), mas esqueceram-se que as insígnias de praxe não pretendem, per si, evidenciar geografias, mas a res praxis.
Seria igual ridículo termos um organismo de medicina a usar bisturis e algálias; um organismo de engenharia cruzando um martelo pneumático com uma régua ou uma comissão de direito cruzando uma guilhotina com um martelo de juiz.
Haja senso.
 
Outros logotipos utilizados enveredam, depois, pelo absurdo, como é o caso da escolha de simbologia maçónica, importando esses desenhos e apenas acrescentando/substituindo os dizeres.
Uma vez mais presente essa idiotice do secretismo e do mundo místico, como se a praxe tivesse algo a ver com sociedades secretas ou fraternidades, como se alguma vez tivesse a ver com os ritos maçónicos.
Gente que certamente vivia fascinada com tais grupos e, por pueril patetice, decidiu decalcar para parecer "fixe", para parecer "misterioso", brincando a um faz de conta sem pés nem cabeça.
 
E esquecem-se os praxistas em causa, que são precisamente esses cartões de visita que também ajudam à descredibilização da Praxe e das Tradições e que dão uma impressão negativa e pouco séria junto da sociedade (e de qualquer pessoa inteligente, diga-se).
 
Temos, igualmente, os que, com igual ideário ficcionado pelo gosto do romancismo ao jeito do séc. XIX, decidem brasonar-se, metendo um pouco de tudo sem nexo, da Flor-de-Lis ao burro de carga, da caveira a estudantes trajados, numa simbologia onde qualquer interpretação serve como desculpa para validar o que não tem, do mesmo modo, qualquer sentido.
Não se ganha pedigree ou respeitabilidade querendo parecer antigo e nobiliárquico, ostentando precisamente falta de critério e de seriedade naquilo que se faz e publicita.
Pormenor interessante, em muitos logotipos, é a forma como é desenhada a moca, que mais parece o batente (baqueta) de um bombo.
 
Como está bom de ver, não faltam por aí logotipos e desenhos que, ao invés de condignamente serem representativos de uma instituição praxística, de representarem a mesma (porque o logotipo serve, igualmente, para identificar o organismo e quem a ele pertence) e a sua actividade, produzem precisamente um efeito nefasto e pouco credível.
 
E quando o logótipo escolhido é preconizado, em tamanho XXL, por um sorridente burro, claramente que está tudo dito.
Mas cada qual se identifica como bem entende, e até concordaremos que muitos desses organismos serão, porventura, uma espécie de estrebaria (pelo menos fazem gala de assim se apresentarem). Mas se o "Burra Praxis Sed Praxis" é lema que facilmente cola a muito organismo praxeiro, não é certamente essa a imagem que se pretende dar, ou que se pretende que seja expressiva da realidade (temo, infelizmente, que o seja cada vez mais).
 
Simplicidade, antes, e acima, de tudo.
Não é preciso fazer alarde de pomposas iconografias para obter credibilidade, mas será certamente imperioso evitar que as mesmas hipotequem, à partida, qualquer juízo de valor, porque o rótulo é, ainda e sempre, algo que traduz e identifica o conteúdo.
 
A julgar por muitos que temos nas prateleiras da Praxe......o melhor mesmo é não consumir, ou porque contrafação ou porque veneno puro e simples.
 
Há logotipo de Praxe e
há logos, tipo praxe.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Notas sobre o Traje Académico e Traje de Tuna

Alguma tinta tem corrido sobre o assunto, pese o facto de ele ser, ainda em muitos casos, mais tratado “off record”, em “meias palavras”, ou no fácil exercício de conjecturar.
Escrever sobre o assunto obriga a urdir o pensamento com alguns cuidados redobrados, quanto mais não seja apresentando argumentos, e factos, objectivos e idóneos.
Actualmente, torna-se, cada vez mais, difícil falar-se em “Traje de Tuna”, pelo menos da Tuna Portuguesa, tendo em conta a cada vez maior multiplicidade de panos e indumentárias.
Numa clara fuga à capa e batina, por motivos que aludirei mais à frente, constata-se o crescendo instalar de uma descaracterização total da identidade Tuna, no que respeita ao aspecto estético da mesma, dos seus componentes, dos seus tunos.

Pelo contrário, no país vizinho, a estandardização de um padrão comum criou, em torno da Tuna Espanhola, uma imagem inequívoca e imediatamente reconhecível, tal como o é, ainda, por cá (mesmo se parece votado ao contrário), a capa e batina que prefigura o estudante universitário.
Por terras lusas, o ressurgimento das tunas na década de 80 do século passado coincidiu, grosso modo, com o reavivar das tradições académicas, em plena época, também, de profusa expansão do ensino superior.
Já disso falei neste blogue: a emancipação e pseudo-auto-determinação académica, ocorrida em muitos pontos, levou a uma clara reinterpretação da tradição e desejo, na maior parte das vezes néscio e acéfalo, de “ser diferente”.
Com muita ignorância à mistura, uma boa dose de desrespeito e falta de dois dedos de testa, levou à adopção de novos panos académicos, ditos “trajes académicos”, com o "amen" das respectivas instituições de ensino, ávidas de publicidade e tudo quanto as tornasse "únicas".
Subtil, e maliciosamente por vezes, se registaram espantosos argumentos de história ficcionada para justificar a necessidade ou plausibilidade de um traço próprio; próprio, segundo muitos, mas que mais não foi do que querer distanciar-se da “sombra” de Coimbra como se, para isso, tudo se remediasse na adopção de nova indumentária com selo de origem controlada (razões da etnografia local, etc. de que não se conhece nem um estudo publicado, pasme-se - nem sequer nos respectivos códigos de praxe, mostrando a seriedade da coisa).
E já não falo no ridículo de muitos desses códigos de praxe, repletos de invenções que enfeitam, mas nada trazem de substancial (isto quando não promovem atentados ao bom senso, educação e civismo).
Seja como for, pegou moda a “mania” e toca de fazer trajes novos a metro, quanto mais diferentes e espalhafatosos melhor, para dar uma ”identidade” própria a cada academia e, principalmente, não se confundir com Coimbra. Todos esqueceram algo fundamental: a etnografia não cabe num uniforme estudantil, precisamente porque a sua razão de existir foi precisamente distinguir-se dos demais mesteres,profissões e classes, criando um fro próprio. Aliás, nem a etnografia nem o folclore contemplam a figura do estudante. Está bom de ver, pois, que qualquer argumento etnográfico cai por terra.

Resultado?
Bem, ele está á vista: só quem traja capa e batina é, de facto, identificado, e bem, com o estudante universitário, todos os demais……. ou têm de dar explicações adicionais ou são confundidos com tudo menos com aquilo a que o pano, supostamente, deveria servir (há trajes que parecem o fato domingueiro que vejo em alguns ranchos, só para dar um exemplo).
Temos mais diversidade, mais criatividade estilística, panos para todos os gostos, cujo resultado final é uma enorme confusão, a ponto de, neste momento, dificilmente de identificar quem quer que seja, tal a quantidade e diversidade.
Salvo um ou outro caso de sucesso (que não significa que  esteja correcto), a maioria das invenções não resultou, chegando-se ao caricsato de termos academias com 6 trajes diferentes, como sucede em Castelo Branco.
Alguns dos usuários desses ditos panos académicos terão, em algum momento, ter tido de explicar o seu vestuário (eu já assisti pessoalmente a isso) a algum transeunte, algum curioso ou turista....... pelo que não vejo qual a diferença entre um estudante de capa e batina de Leiria, por exemplo, dizer que é de Leiria, apesar de trajar com um traje conotado com Coimbra. Pelo menos é identificado como estudante universitário nacional, jáque o Traje Nacional assim foi reconhecido.
Já a questão geográfica quanto à localidade, é mero pormenor que rapidamente se ultrapassa com “sou estudante de Lisboa” (Viseu, Santarém, Beja etc.). Mas mais: em tempo algum um uniforme teve por objectivo a identificação geográfica do seu portador, mas a expressão do seu estatuto: estudante.

A capa e batina, no seu actual modelo (com pouco mais de 100 anos) NÃO É DE COIMBRA!
Quem o enverga deveria ter a obrigação de conhecer a sua história, sabendo, por isso, que ele não é “de Coimbra”, pois traje de Coimbra só na etnografia, no folclore local (que os Ranchos tão gratamente preservam e divulgam).
O grande erro começa logo pelo chauvinismo de alguns (muitos?) estudantes conimbricenses que apregoam que o traje é deles (ainda há pouco, num fórum sobre Praxe de Coimbra, assisti a essa lenga-lenga), que a tradição do seu uso é deles, quando isso não corresponde aos factos.
A capa e batina, no seu actual modelo, resulta do movimento laico anti-clerical que, para cortar com o traje talar (de natureza eclesiástica) impõe o modelo do fato burguês, sucedendo à "abatina", logo disseminado no Porto, Coimbra, Lisboa e liceus nacionais (capitais de distrito).
Por isso, o traje não é de uma cidade, mas nacional (como viria a ser formalmente reconhecido, aliás, por decreto governamental). O que herda de Coimbra é a designação "capa e batina" (que é o nome pelo qual o traje é conhecido na gíria estudantil).


Esta falta de rigor é que levou a tantas decisões erradas que fizeram escola, desde logo pela tontice de tantos novos "trajes académicos" só par aser diferente de Coimbra. Veja-se agora a argolada monumental. E não podemso esquecer que em qualquer cidade ou vila com ensino, o traje nacional era usado. E muito menso esquecer que todos os estabelecimentos onde nasceram "novos trajes" usaram antes capa e batina.


A “Capa e Batina” é, e assim designada,  o Traje Nacional do Estudante Universitário Português.
Depois da extinção do seu uso obrigatório por decreto do governo provisório da república a 23 de Outubro de 1910 ou seja, “a partir de 1911, o Traje Talar deixou de ser um simples uniforme para significar valor cultural, património da Comunidade Académica, sublimado pelo espírito de Coimbra”. (in, Qvid Praxis). Em 1918, mais precisamente a 6 de Julho, são estipulados os Estatutos Universitários, os quais contemplam o traje, mas não o impõem.Mas se a obrigatoriedade do seu uso foi extinta, é facto que só a partir daí é que o traje assume maior divulgação no foro liceal, com a nacionalização do Traje Académico para todas as universidades, liceus e escolas superiores, definida no decreto n.º 10290, de 1924, do então Ministro da Instrução Pública, Teixeira Gomes, no qual se refere, também, a punição para todo aquele que traje indevidamente.
Assim, temos um traje nacional, devidamente reconhecido como o do estudante universitário, ponto final.
Tudo o mais me parece fogacho.

Mais informações pormenorizadas sobre a origem do traje: AQUI e AQUI


O caso do Minho, onde é reabilitada uma indumentária (O “Tricórnio”) usada nos tempos em que lá teria havido Estudos Gerais (que não devem ser confundidos com Universidade, já que no séc. XVIII esses estudos eram reportados à formação eclesiástica e não à noção de universidade, como existia em Coimbra), não foi, também, mais do que aproveitar um facto passado, que carece de estudos mais aprofundados, para justificar o “corte” com Coimbra.
Pesquisei algo sobre o assunto e parece-me que o resultado final do traje lá usado é uma adaptação ou recriação, não totalmente fidedigna (nem de longe nem de perto), parecendo-me haver uma propositada sinédoque: tomando, “convenientemente” uma parte pelo todo, umas pinturas ou ilustrações como sendo traje académico.

Uma coisa me parece certa, não se pode afirmar ter havido um traje universitário diferente em Braga no séc. XVIII, tido como tal, como sucedia em Coimbra que pudesse "justificar" o reabilitar de um "traje antigo dos estudantes". O Tricórnio é uma cobertura (chapéu) usada pelos civis e militares no séc. XVIII, cuja verdadeira “tradição” é militar e/ou aristocrática (e nem é portuguesa sequer). No dobrar desse mesmo séc., a partir de 1760, sensivelmente os bicórneos ou chapéus de dois bicos, já se tinham imposto, vendo-se de tamanhos diversos, sendo alguns enormes e com as pontas exageradamente grandes e descaídas até aos ombros, acairelados de penas, com grandes penachos; as borlas, as presilhas e os botões enriquecidos de pedrarias valiosas e bordados a fio de ouro ou prata! (de que conhecemos a moda do “chapéu à Napoleão).

Justificar a existência de estudos Gerais em Braga no séc. XVIII é ficcionar e fazer uma interpretação ad hoc da noção de Universidade, até porque se os responsáveis pela criação do traje “Tricórnio” fazem referência aos Jesuítas, há que relembrar que os jesuítas portugueses, quando expulsos de Portugal, em 1759, dirigiam vinte e oito colégios de ensino secundário, em Portugal, e a Universidade de Évora (que lhes foi oferecida em 1559 pelo cardeal D. Henrique), não constando que dirigissem qualquer Universidade em Braga (voltariam a Braga, é verdade, mas em 1875, ou seja finais do século XIX, mais dedicados ao apostolado do que ao ensino, sendo preciso esperar pela década de 40 do séc. XX, depois de terem sido novamente expulsos em 1910 e regressarem em 1934, para se falar, então sim, de universidade em Braga: em 1942 o Curso Superior de Ciências Filosóficas" e, em 1947, a Faculdade Pontifícia).
Nessa altura, em 1875, o traje usado no Liceu Nacional de Braga era a Capa e Batina!

Cai por terra, pois, a justificação de ter existido uma universidade propriamente dita, com praxis enraizada e materializada num traje académico (o que ocorreria, isso sim era que os escolares desses estudos, a maioria eclesiásticos, vestiriam conforme a sua condição e posses, um pouco como sucedia nos primórdios do traje em Coimbra, séculos antes).

Reclamar a história do Colégio de S. Paulo, em Braga, como tendo tido privilégios de graus e traje, parece pouco fundamentado para legitimar a ideia de ter havido um traje académico bracarense, quando não podemos cair no erro de confundir Colégios com Universidades.
Mas, e se quisessemos atalhar, bastaria lembrar que em Braga, antes do Tricórnio, se usou, na própria UM, e antes dela, por exemplo, no liceu nacional (desde o séc. XIX), como ainda há pouco aludi, capa e batina. Por isso, se algum traje tinha sentido em Braga, certamente que era o Traje Nacional - esse sim por ter uso geral e reiterado pela larga maioria dos seus estudantes. O único traje estudantil com tradição secular em Braga sempre foi a capa e batina.
Não foi essa a opção posterior, mas não se queira apagar aquilo que é uma tradição bem mais antiga e histórica com pseudo-estudos nunca legitimados cientificamente, para justificar a validade do tricórnio, que só a tem em si mesmo, e a partir do momento em que foi generalizado nestas quase 3 décadas que leva.

Sobre o assunto clique AQUI

Tomei o exemplo da UM, mas poderia ter sido outro.


O facto é que a tradição do Tricórnio foi imposta (impostura, diga-se) com base em algo artificial, uma intrujice histórica, num pseudo-estudo etnológico feito por quem não apenas não tinha competência para o efeito, mas por quem não se coibiu de inventar tradição. Nem se percebe como tanta gente foi na cantiga, mas deve ter dado jeito aos bolsos de alguns, no início.
Hoje é essa a herança. Nada a obstar, conquanto saibam conviver com esse facto, reconhecendo o mesmo, ao invés de propalar "virtudes históricas" que são inexistentes.


Importa é dizer que a capa e batina tem sido o pano oficial da praxis e não vejo grandes vantagens em termo-nos desfeito do seu valor congregador e unificador, identificativo e histórico para quem, mais do que ser do sítio A, B ou C é estudante universitário.
Apostou-se mais em parecer do que em ser e, agora, verifica-se que o pano não ajudou, em nada, a promover uma praxis e espírito académicos dignos desse nome, pelo menos não verifico que houvesse melhorias depois de tantos gritos de “Ipiranga” que se fizeram ouvir um pouco por todo o lado.
Continuamos a ser uma manta de retalhos onde se torna, cada vez mais, difícil discernir e encontrar o que é genuíno, verdadeiramente tradição e identificativo, até, da nossa cidadania académica, da nossa nacionalidade estudantil.

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Trazendo isso à realidade tunante, o que assistimos é uma profusa moda de trajes avulso, pelo precedente criado pela sucessiva delapidação da identidade académica nacional, transformando a nossa comunidade estudantil numa mosaico mais rico que a regionalização preconizada, há uns anos pelo governo.
Aí, detenhamo-nos para observar duas ordens de razão para tantos trajes de tuna, que não a capa e batina: a primeira respeita àquelas tunas que, pela sua natureza, englobam alunos provindos de diversas instituições de ensino de uma mesma cidade ou área metropolitana. Neste caso, no intuito de evitar a colisão estética de panos díspares e regulamentação própria (nem sempre comum entre instituições) de cada traje, foi necessário adoptar-se um traje que esbatesse essas diferenças. “Obrigadas” a correr atrás do prejuízo, este tipo de tunas (que são poucas, diga-se), não tiveram outro remédio senão ter um traje próprio, criando um entendimento onde ele não existia.
A inspiração deste está normalmente ou numa cópia do traje espanhol, com uma ou outra peça que evoca mais particularmente uma figura da região, ou então um traje que faz o compromisso entre a capa e batina e o traje espanhol.
No segundo caso, as razões giram em torno de ideias, mais ou menos peregrinas, invenções puras e, em alguns casos, num total rejeitar do traje académico em vigor na sua academia (algo que constitui, já, outro tipo de desvio).
Se no primeiro caso se compreende essa necessidade forçada, já no segundo me parece forçado, quando o não é ridículo.


Temos tunas com fatiotas parecidas com as tunas espanholas, o que me parece, ainda assim, menos gravoso do que trajes e capas azuis ou cor de vinho, já que a cópia se faz directamente do nascente tunante (mesmo se o actual traje espanhol é produto recente, embora inspirado em panos anteriores).
Já o que também me parece não ajudar muito é o ridículo do “condomínionismo” que ocorre num já existente precedente bairrista.
Já não bastando determinada academia ter um traje académico diferente (e digo diferente em relação ao traje nacional: capa e batina), registam-se subdivisões muito interessantes e de uma criatividade ímpar. Se determinada academia tiver 5 tunas, pois todas trajarão de forma diferente, mudando ou a cor das meias, dos botões, da gravata, da lapela ou o que quer que seja (cor de curso, cor da cidade, cor disto e daquilo, tudo servindo de justificação). Não apenas se regista desvio do traje em vigor nessa academia, como se dão nuances de quantas maneiras for possível, consoante o nº de tunas que surgirem.
Por que diabo essa necessidade de aparentar?
Também não se percebe, por isso, que Tunas que representem especificament euma academia com um só traje, passem a poder envergar dele apenas partes, como o caso da UBI onde uma das suas tunas troca as calças do traje por uns calções às bolinhas brancas que também devem ter alguma explicação de natureza etnográfica.
Não se entende essa necessidade de aparentar, de mostrar que se pertence à Tuna  com isso pondo em causa a própria imagem e a imagem de todos em geral.
E já nem cito o Kilt do IADE porque aquilo nem é traje sequer, ao retakhar a capa e batina e coser-lhe peças escocesas que nada têm de académicas e muito menos a ver com a nossa cultura.

Criou-se uma tal multiplicidade de cores, ornamentos, detalhes e afins, que é preciso já um livro ou código iconográfico para se identificar uma larga fatia de tunas deste nosso rectângulo multicolor.
Já não bastando ter de decorar as cores dos cursos , ainda temos de o fazer com as tunas.
Perde-se, com isto, até, a própria noção de traje/uniforme, seu objectivo, e, a espaços, a sua credibilidade.
Aproveito esta longa reflexão para relembrar um aspecto que merece atenção: tenho lido e ouvido dizer à boca cheia que o a capa e batina foram assim criados para esbater as diferenças sociais. Até poderá ter esse efeito (que não a causa), mas nunca vi isso justificado em qualquer documento histórico. Sempre me deparei nas minhas pesquisas com capas e batinas para todas as carteiras, umas de pano mais nobre, outras menos, coletes de cores diversas (antes de ficar tudo a preto). Aliás já no tempo do traje talar vestia-se segundo as posses, a ordem eclesiástica, chegando a ser castanho,  pardo o traje de muitos estudantes...... .
O traje académico existe como modo de estandardização e padronização, mas por motivos identificativos, como imagem e identidade da condição universitária, não tanto para esbater fossos sociais, antes para diferenciar os estudantes de outras profissões ou mesteres.


No actual quadro de vazio e entendimento académico nacional, não vejo solução para a questão dos trajes académicos, o que obriga as tunas, também, a fazerem jogo de cintura e correrem, em muitos casos, atrás do prejuízo. Contudo, também estou ciente de que muitas inventaram a aparência Tuna sem qualquer outro suporte que não as sua veia estilística, algo que poderá merecer alguma atenção numa outra configuração desta comunidade, num futuro próximo.


Se não sabemos inventar decentemente, olhemos o exemplo do país vizinho e que ele nos inspire, pelo menos, o desejo de urdir um fato de tuna transversal e único em Portugal, E se este tiver de ser outro que não a capa e batina (mas que atenha como referência e inspiração, ao menos), que seja algo que identifique e dignifique inequivocamente a Tuna Portuguesa, contribuindo para a sua união, ao invés deste “carnaval tunante”.

Notas sobre a Tuna e a Praxe

Já, por diversas vezes, foi o assunto tocado em variados sites e portais, mas porque, volta e meia, o Notas&Melodias recebe mails a perguntar da relação entre Tunas e Praxe, julguei oportuno voltar a ocupar algumas linhas sobre o assunto.
Ainda assim, informo que o assunto foi já referido neste blogue.

Para evitar a redundância e repetição, dizer que a Tuna, ao contrário do que muitos por aí apregoam, não é uma manifestação da Praxe, da Praxis Universitária.
São realidades que se tocam, por vezes cruzam e colaboram estreitamente, mas distintas.
A Tuna é, isso sim, uma das muitas maneiras em que ela se manifesta (quiçá a mais apetecível); não por ser tuna, mas pelo facto dos seus elementos serem, ou terem sido, estudantes universitários ligados à praxe.

Em muitos casos, pelos mais diversos motivos e com mais, ou menos, consentimento de ambas as partes, Praxe e Tunos chegam a confundir-se, contudo a Tuna é distinta e bastaria tomar o exemplo das muitas que não estão directamente ligadas a uma instituição de ensino, seja no passado seja na actualidade.
Se olharmos para o país vizinho, a diferença, então, é notória. Com a abolição do porte do traje universitário, acabou por ser a tuna espanhola o único resquício da memória das tradições estudantis, algo que, por cá, não sucedeu, como sabem.

O que sucedeu, isso sim, foi que a praxe, os seus protagonistas, se apropriaram, nem sempre de maneira consciente mas, contudo, de forma bem intencionada (obviamente) dessa "arma" de promoção e divulgação poderosa  que era Tuna, para potenciar e exponenciar as tradições académicas.
Num primeiro momento, pois, foi a praxe o suporte para o lançamento de muitas tunas, pejadas de praxistas que viam na Tuna um meio privilegiado de vivência académica.
Com maior ou menor grau de subservência, a Tuna cooperou com a praxe e definiu (ou definiram-lhe) o seu posicionamento perante a lei académica (vulgo Código).
Com o passar do tempo, cresceu a folga nos laços e nós que ligavam ambas as realidades, tendendo as coisas a assumirem o seu lugar devido.

Mas existem, certamente que sim, aspectos que ligam estas duas realidades, sendo que o Traje Académico, quando o adoptado é o da faculdade que se representa, implica um lugar comum em que se partilham regras, também elas comuns.
O Traje Académico pertence à praxe; é o traje do estudante universitário, foi assim ainda bem antes de existirem tunas por cá. O Traje Académico não é, por isso, traje de tuna, mas sim o traje que os tunos usam por serem, ou terem sido, estudantes do ensino superior, e é esse um dos traços mais característicos e identifictivos das tunas de cariz académico/universitário: o seu património académico que partilham em tuna.

Nesta relação, a tuna encontra-se a juzante.
O respeito e normativos que são devidos ao traje provêm da praxis académica que a tuna adopta.
Acaba aqui, quase sempre, a relação entre estas duas realidades, no que respeita ao cumprimento de regras comuns.
Quando o traje adoptado é traje apenas de tuna, a relação com a praxe, neste caso, vive mais numa prática romântica do que em efeitos práticos (que nem existem) de observação de um qualquer código de praxe.

O estudante universitário, em termos legais (de cumprimento de leis académicas) tem um primeiro dever para com a praxe e só depois, para com a tuna (seja ela qual for); assim se estabelece a hierarquia.
Apesar da tuna, por norma, não se subordinar às instâncias da praxe, não deixa de estar "obrigada" a reconhecer-lhes jurisdição, para com os tunos que ainda são praxistas.
Algo natural, já que são primeiramente académicos antes de serem tunos (aliás, não fosse essa condição, não seriam tunos) em condições que, obviamente, devem estar bem desenhadas e acordadas.

Em assuntos exclusivamente de praxe, a tuna não pode gozar de imunidade diplomática/tunante, pelo que os lugares comuns devem estar muito claros, tal como as fronteiras, de modo a evitar colisões indesejadas.
Na face oposta a esta moeda, devem os organismos que regem a praxe, perceber a natureza singular da tuna, deixando-lhe o seu espaço próprio.

Se a Tuna e a Praxe são, por natureza, coisas distintas, tal não impede que cada um, de acordo com o contexto em causa, estabeleça as relações que achar pertinentes, sejam elas de mera cooperação, de subservência, coloque-se a tuna sob alçada da praxe ou autónoma desta...........importa é que a tuna seja, antes de mais, Tuna e saiba respeitar todo o património histórico que lhe diz respeito.

Notas aos Emblemas nas Capas

Não é de hoje que a questão dos emblemas (que também se chamam "escudos"), que os estudantes colocam nas suas capas, tem sucitado vários debates, muitas dúvidas e muitas mais patetices.
Basta passar os olhos nos muitos fóruns sobre Praxe e Tradição Académica, para se verificar aquilo que é, hoje, uma enorme profusão de confusões, invenções e mitos, todos eles geradores de interpretações ad hoc e de uma "terra de ninguém" onde reina uma certa anarquia e a
crescente moda do "na minha capa meto o que bem me apetece", sob a desculpa esfarrapada do "a capa é minha" ou daqueles ridículos argumentos que alguns usam de que colocaram este ou aquele emblema porque tem um determinado significado (mesmo que nada tenham a ver com a praxis), como é o caso daqueles emblemas abonecados do "Tio", da "Avó" (onde se esquece/desconhece, que a capa não é montra de homenagens - e que a capa só tem essa função  - homenagem/agraciamento -  quando deitada no chão, e em condições bem definidas) ou aqueles simpáticos escudos que dizem, por exemplo "Sou de Engenharia", para só citar alguns.

Isto, caros leitores, para não falar, depois, nos denominados "emblemas obrigatórios", outra patetice, pois uma coisa é indicar os que são permitidos, outra é obrigar a colocar este ou aquele, quando se pretende meter emblema na capa. Coitado do pobre que só pretende ter 3 ou 4 emblemas na capa e se vê, de repente, na obrigação de meter mais 4, 5 ou 6 que os que desejava, só porque o código manda (e quem esfrega, naturalmente, as mãos de contente são as lojas que comercializam os emblemas).

SITUAÇÃO/PROBLEMA

Reveste-se, assim, tantas vezes de verdadeiro autismo, arrogante teimosia, e outras tantas de argumentação patéticos, o pensar-se que sendo a capa de cada um isso lhe confere o direito de fazer o que bem lhe dá na real gana ou a presunção que por estar em código significa estar correcto.
Mostra esse exercício não apenas ignorância, mas uma jactância  repleta de incoerência.
 
Para umas coisas segue-se a Praxe e o código à risca, para outras segue-se o umbigo, a própria vontade, a interpretação pessoal.....as conveniências.
Resume essa atitude que muitos estudantes não são, de facto, praxistas, querendo 2 pesos e 2 medidas: o genérico e o pessoal, defendendo a praxe com unhas e dentes, excepto quando isso melindra o seu espaço e comodismo, quando impede o pedestal da montra, da vaidade, do querer diferença e regime de excepção.
Outras vezes, defende-se a letra da lei que resulta não de uma base assente em tradição, mas do desvirtuar das coisas, normalmente por desconhecimento.

OS CÓDIGOS
Muitos dos actuais códigos legislam sobre a colocação dos emblemas, mas demonstram que os
seus autores desconheciam (ou fizeram vista grossa)  a real origem desse costume, abrindo portas à invenção e à profusão de um verdadeiro desfile de carnaval. Uma vez mais, o desconhecimento levou à interpretação sem critério e, consequentemente, à ficção, ao mito........ao erro.
Um dos grandes erros, pois, dos códigos, foi quererem legislar ao centímetro, burocratizando, complicando, tornando miudinho o que sempre se quis, e foi, simples e pragmático, que sempre foi prático e directo.
 
A Praxe em Portugal, esta mais recente, invencionada e baralhada nestes últimos anos, tornou-se mais papista que o Papa e pormenorizou exaustivamente sobre coisas e matérias sem real interesse, que não eram, nem são, essência - traduzindo-se tal em quantidades de artigos e mais artigos que tem tanto de inútil e pesado, quanto, muitas vezes, de ridículo (e de errado), em detrimento de questões bem mais importantes. Por outro lado, legislam sem explicar coisa nenhuma, o que é outra coisa que não se entende.

Veja-se, por exemplo, que, em certos casos, os códigos obrigam à colocação de certos emblemas, depois misturando os que são próprios da vida académica com disparates como o emblema da terra da mãe e o emblema da terra do pai.
Justificação para tal? Nenhuma que não seja a invenção de quem decidiu que era assim, porque sim, porque lhe pareceu. Explicação preto no branco do porquê e origem dos emblemas e adequação das práticas e regras à Tradição?  Nenhuma, claro está.

Obviamente que quando se desconhece, mais facilmente se inventa e, na cópia da cópia, no "acrescentar pontos ao conto", se vai delapidando, desvirtuando o paradigma e o que é genuino na Tradição.

COMPRA/OFERTA
 
Outro mito, resultante desse desconhecimento é, em diversos casos, a ideia propalada de que os emblemas não se compram, mas são recebidos por oferta, ou seja que os estudantes só podem colocar na capa os que lhes forem oferecidos (comprados por outrém), coisa que, além de errada, se reveste de algum ridículo.
Com efeito, não há, segundo a Tradição, qualquer determinação que limite a forma como os emblemas se adquirem, tanto podendo ser comprados ou ofertados.
Muito menos a questão de terem de se colocar em nº ímpar (regra que aplicada a botões e afins, se quis estender a tudo, sem muitos sequer perceberem que simbologia/superstição encerra).
Que o valor do nº ímpar tenha a sua razão (que aqui não importa discutir, mas sobre o qual pode o leitor AQUI procurar o artigo respectivo), pois assim seja, mas que se queira meter a questão dos emblemas, parece-me artificialismo, quando nunca isso foi determinação do uso, do costume, da praxis original.


A ORIGEM, A PRAXIS
 
O uso de emblema na capa  remonta, grosso modo, aos anos 30/40, mas restringia-se quase só ao monograma da Briosa (datado de 1929) que os jogadores usavam no equipamento. Sendo eles quase todos alunos da UC, passaram a cosê-lo também nas suas capas.
Rapidamente os adeptos e simpatizantes fizeram igual.
Na década de 1940 ,os orfeonistas também o começam a coser na capa o emblema do Orfeão, por dentro da capa. Nos anos 50 aparecem o Coro Misto e o Coral das Letras, que replicam as práticas anotadas para os anos 30 e 40.

Será essencialmente com a influência das Tunas espanholas (por contágio da “moda mochilera” e dos inter-rails, nos anos 60-70 e seguintes) que, a partir dos anos 80 do séc. XX (boom das tunas e das tradições académicas em Portugal), se generaliza o uso de emblemas nas capas.

Com efeito, era costume os jovens viajantes colocaram nas malas ou mesmo nas caixas de instrumentos (e até nos próprios), autocolantes com os emblemas das cidades/instituições visitadas (e/ou países).
É esta a origem dos emblemas no contexto da recuperação das tradições académicas, operado a partir dos anos 80 do séc. XX; um costume rapidamente aculturado pelos estudantes portugueses, com especial incidência nos tunos.
 
Os tunos compravam nas lojas de "souvenirs" os emblemas locais (cidade, país) e, muitas vezes, também, os recebiam das tunas congéneres ou instituições visitadas os respectivos escudos/emblemas (ou também os compravam na loja associativa, na reprografia ou secretaria caso existisse).
Uma vez mais, se verificou, e verifica, a contínua troca de usos e costumes que, entre Tunas e Praxe se foi operando, sendo, neste caso, a Praxe a (re)inspirar-se na tradição das Tunas (neste caso das do país vizinho).


Sobre esta questão dos emblemas, recupero, ainda, o avançado pelo historiador António M. Nunes, o maior especialista em questõesde trajes e etiqueta académica que temos em Portugal, e que colabora muitas vezes com o N&M:

"A UC tem heráldica e cores institucionais consagradas nos vários estatutos. A par da heráldica oficial (faculdades, cursos, cadeiras), os estudantes de Coimbra inventaram no século XX inúmeros selos e emblemas para a sua associação de estudantes, grupos corais, tunas, etc. Estes últimos são em geral bicolores (apenas admitem preto e branco) e podem estampar-se em crachás e pines. O motivo mais comum em todos eles é a Torre da Universidade. O mais antigo é o da Académica, Equipa de Futebol, desenhado por 1929 (se não me falha a memória), que das camisolas dos atletas passou poucos anos depois para a bandeira e papel timbrado da AAC.

 O emblema da Académica/Equipa de Futebol começou a ser usado primeiramente nas camisolas. Como a maior parte dos futebolistas da Académica estudavam na UC, estes começaram a usar o emblema futebolístico no canto interior direito e ao fundo da capa. Na segunda metade da década de 1930 criaram-se em Coimbra várias claques de apoio à Académica e estes grupos de adeptos também começaram a coser na capa, por dentro, o emblema da Académica, sempre em tecido estampado preto e branco.

 Na década de 1940 afirma-se o emblema do Orfeon e os orfeonistas também o começam a coser na capa, por dentro. Nos anos 50 aparecem o Coro Misto e o Coral das Letras, que replicam as práticas anotadas para os anos 30 e 40.

 Após 1974, com a fundação da Estudantina aí por 1984 tudo muda. Os emblemas passam a ser multicolores e abrangem um universo ilimitado de representações: escudo de Portugal, clube de futebol, município, curso, cidade visitada em digressão...

 Cheguei a Coimbra em 1985 e por essa altura havia uma "guerra" de palavras entre os praxistas que condenavam o uso abusivo de emblemas e os que defendiam a liberdade de uso de emblemas. A matéria chegou a ser regulada pelo Conselho de Veteranos, mas a corrida aos emblemas continuou.

 A par dos emblemas que acabo de referir há ainda os distintivos oficiais que decorrem dos estatutos e da cultura greco-latina. A Reitoria tem selo próprio e cor oficial (verde). Cada Faculdade tem cor própria e distintivo. O distintivo de uma Faculdade é sempre um deus ou uma deusa greco-romano, com determinados atributos. Dentro de cada Faculdade, cursos há que têm representação autónoma como Música, Geometria ou Astronomia.
A partir das insígnias da alegoria masculina ou feminina a tradição autoriza criar distintivos que a UC representou em pinturas de tectos, paredes, e os alunos podem usar em crachás, pines, alfinetes e emblemas. Por exemplo, num crachá alusivo à Faculdade de Direito, não se figura a deusa Justitia, mas apenas a espada e a balança no interior de uma moldura oval ou circular de folhas de louro. Esta matéria não tem sido alvo de estudos e a própria UC não tem publicado um manual ou regulamento de haráldica, símbolos e alegorias.
Os códigos de praxe também não regulam a matéria. Na prática o que acontece é que os cursos inventam pseudo distintivos kitsch que não obedecem às normas heraldísticas. Há muitos exemplos. Posso citar emblemas com uma língua humana a sair de um medalhão circular, que supostamente quereria significar um curso de línguas e literatura. Ou uma serpente enrolada numa palmeira, que supostamente representaria Farmácia, quando na verdade representa uma farmácia de venda de remédios. Ou o escudo/euro que supostamente representaria Economia.

Em suma, 50% dos distintivos de curso, mesmo os que existem na UC, são puras invenções kitsch sem fundamento heraldístico nem suporte na cultura greco-romana."


NA CAPA

A Tradição manda, pois, que o estudante, que assim o deseje, e sem haver nº mínimo ou obrigatório, nem ordem de colocação, coloque na sua capa (seja à sua conta ou também por oferta):
 
- os emblemas/escudos da cidade/país de origem;
- cidade/país onde se cursa (União Europeia, também);
- instituição e/ou faculdade frequentada;
- curso em que se está/esteve (pois há quem mude de curso);
- instituições a que se pertença, no estrito âmbito académico (nada de colocar o da associação cultural lá da terra só porque se foi, ou é, vogal da direcção ou mero sócio);
- emblemas das cidades/países e instituições/grupos visitados/contactados em representação oficial académica (visita da de estudo, Erasmus, digressões da Tuna ou de outro grupo ou associação de índole académica).


Relembramos, uma vez mais, que não existe nenhuma obrigatoriedade em pôr todos estes emblemas, seguir uma determinada ordem (por norma, é cronológica apenas) ou pôr um nº X mínimo. O que dita a Tradição é que seja este o âmbito da colocação, seja este o princípio basilar. Quem só quiser colocar 1 emblema põe apenas um; quem quiser colocar 3, põe 3 e quem quiser colocar 50 (acontece muito com os tunos) mete 50. Deve é a colocação obedecer ao princípio acima enumerado, dentro do estrito âmbito académico e tradicional.

Também, se verifica, em muitos casos, o uso do emblema do clube do coração, embora seja, concedamos, um despropósito (pois nada tem a ver com a vida académica - tal como o não são as questões de preferência religiosa ou política).
Contudo, há que diferenciar, por exemplo, a ligação existente, formal, entre academia e desporto (extra-académico), quando, por exemplo, o clube local está fortemente ligado aos estudantes, como é o caso da Briosa em Coimbra (que é organismo pertencente à AAC).
Exceptuaremos, a título de exemplo, o caso dos alunos que joguem numa equipa desportiva da Associação Académica e que, naturalmente, podem colocar esse emblema, caso exista.

Todos os demais emblemas, que não representem formalmente a actividade académica do estudante (no associativismo/organismos académicos oficiais ou em âmbito pedagógico - as referidas visitas de estudo ou intercâmbios científicos/culturais) são circo, carnaval, invenção. Assim, emblemas da terra dos pais e outros tantos não têm âmbito ou precedente académico que justifique constarem numa capa estudantil (ou outra peça do traje, chame-se ela como chamar).
O mesmo dizer dos emblemas que dizem "Praxe" ou com bonecos alusivos à praxe, ou os que identificam o "Finalista" (a identificação do finalista faz-se através das insígnias pessoais e não com um rótulo na capa), salvo o monograma do organismo de Praxe a que se pertence ou está ligado.

Em suma,

Sejam eles 3 ou 30, comprados ou oferecidos, importa é que eles traduzam o real exercício da cidadania académica e não carnavalescas desculpas para enfeitar a capa (que ela não é árvore de Natal ou a parede lá do quarto de um qualquer imberbe teenager).

Quem quiser respeitar a Tradição, observará a mesma. Quem preferir outros caminhos, mesmo que consignados em código, fá-lo-á, ciente de que está a seguir invenções.
Não é por um erro estar consagrado num código, disfarçado, assim, de lei, que tal o legitima ou o torna numa virtude (e muito menos numa tradição).
E é pena que os legisladores, os praxis-makers, nunca se tenham dado ao trabalho de pesquisar a origem dos emblemas, para adequarem devidamente as regras de uso.

Mas lá está: quando nem os líderes sabem de Praxe e Tradição, o exemplo a seguir pelos demais é quase sempre o que sabemos.

Notas ConCSiliares

O título é estranho, até da forma como é escrito, mas como fui recentemente contactado sobre isso, via mail, achei por bem aqui deixar umas notas.

Todos estamos, certamente, faliarizados com a terminologia que designa os organismos de Praxe: Conselho de Veteranos, Magno Conselho da Praxe........
Mas a dúvida que me foi colocada prende-se com o uso dessa nomenclatura em latim.

Afinal é Consilium (com S) ou Concilium (com C)?
Se atentarmos aos termos Conselho (grupo, reunião, recomendação) e  Concelho (referente a uma área geográfica adminsitrativa), logo se desfazem as dúvidas - ou deveriam desfazer: a usar-se é Conselho - Consilium (quer linguisticamente, quer no uso do latim macarrónico).

Mas, como bem me interpelaram, existem inúmeras citações em latim que ora usam uma ou outra grafia, instalando-se a dúvida, nomeadamente porque a larga maioria dos praxistas não sabe patavina de latim.

Para evitar grandes considerandos, fica esta sucinta explicação:

Consílio e concílio são palavras diferentes. A grafia, a origem e o significado o mostram.

Consílio provém do latim consiliu(m) que significa:
a) consulta, exame, deliberação, decreto;
b) determinação, resolução, expediente, projecto, desígnio, plano;
c) conselho: parecer, opinião, sentimento, voto;
d) conselho: assembleia consultiva ou deliberativa.

Em português significa conselho, reunião, assembleia.


Concílio provém do latim conciliu(m), que significa:
a) ajuntamento, ligação, união;
b) assembleia, reunião, sociedade, círculo (de pessoas), conselho (em sentido concreto), reunião de conselheiros, assembleia deliberativa;
c) concílio, assembleia de bispos.

Em português significa conjunto das pessoas da hierarquia eclesiástica, que têm voto em matéria de dogma, moral evangélica e disciplina, presidida pelo bispo, arcebispo, patriarca, papa ou seus legados.
Significa também as actas, cânones, decisões do consílio.
A grande diferença entre as duas palavras é a seguinte: concílio pertence à linguagem da Igreja Católica; consílio pertence à linguagem fora das actividades da Igreja Católica.
Como vemos, a significação de concílio provém da significação C) do latim consilium
Como a Praxe não é da esfera eclesiástica (e tao pouco faz sentido qualquer romântica ou histórica ligação ao tempo em que a Igreja detinha o poder sobre as Universidades), tanto que quando se organiza, de facto (com conselhos de veteranos, comissões, etc.), há já muito tempo que a separação entre Igreja e Estado se fez (o 1º Conselho de Veteranos é formalmente criado pelo código de 1957 - e de cujo Decretus consta o termo Consilium bem escrito - não se percebe por que razão, actualmente, o CV de Coimbra o escreve mal).
Embora perdurem termos e resquícios dos tempos eclesiais, convém separar as coisas.
Neste caso, o termo a ser utilizado em Praxe é Consilium, com S: Magnum Consilium Praxis ou Magnum Consilium Veteranorum (entre outras designações), seja no rigor linguístico, seja no uso do Latim Macarrónico ("aportuguesando" o termo Conselho).
Fica esta pequena nota.