quinta-feira, 24 de abril de 2008

Notas sobre a Praxe Académica - Breve Resenha Contextual

 <strong>A PRAXE ACADÉMICA</strong><br /><br /><br />Por Praxe Académica entende-se os usos e costumes que, perpetuados entre os estudantes desta Universidade, adquiriram estatuto de tradição entre os estudantes do Ensino Superior.<br />Desta forma, a Praxe Académica engloba os ritos, usos protocolares, regras de conduta, simbologia e demais manifestações estudantis que, enraizadas e legalmente enquadradas, transmitem e manifestam uma dada identidade comunitária, vivida e posta em prática por quem nela se insere.<br />A palavra Praxe é, no entanto, extremamente recente sendo que esses usos e costumes tiveram a sua génese num conjunto de hábitos vivenciais normalizados entre os clérigos de ordens monásticas mais simples, nesse conjunto de escolares pobres e mendicantes que criaram um “modus vivendi” muito “sui generis”.<br />Com efeito, embora se aponte para o séc. XIV o início da Praxe Académica, temos conhecimento dela sob o nome de “Investidas”, termo utilizado a partir do séc. XVI. Dessas “Investidas”, constava um pouco de tudo: a tourada, a picaria, os insultos, a caçoada, o pagamento de patente dos novatos aos Veteranos, as troças, o canelão (pagamento de direitos pelo novato, que podia desembocar numas caneladas algo dolorosas para os caloiros).<br />Com estes ritos algo “ríspidos”, não é admiração encontrarmos pela primeira vez a palavra Praxe em 1863 (e de novo em 1872) ligada ao adjectivo “selvático” o que mostra a opinião da população no que respeitava a tais práticas.<br />A palavra Praxe toma o seu contexto actual com o desaparecimento desses ritos e alargamento do seu significado para além da estrita relação entre Veterano e Caloiro, passando a congregar todo um conjunto de actividades dos estudantes universitários fundada na tradição que, no desenrolar da sua história, tende a cristalizá-las em formas quase rituais.<br /><br />Bibliografia: <em>“Subsídio para o estudo genético-evolutivo do Hábito Talar na Universidade de Coimbra”</em> de António Nunes, [in Revista “Via-Latina” – Ad Libitum, 1988/89.]

Notas sobre as Origens da Universidade em Portugal

 <a href="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/1600/augustohilario2.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/200/augustohilario2.jpg" border="0" /></a><br /><strong>AS ORIGENS DA UNIVERSIDADE EM PORTUGAL<br /></strong><br /><br /><br />As Universidades surgiram em Portugal no Sec. XIII, pois nessa época o nosso país vivia um ambiente cultural e sócio-económico próprio.<br />Na altura era a Igreja que detinha todo o monopólio do ensino e do saber, mais ainda, cada vez mais sentia a necessidade, por ser universal, de que todos falassem a língua oficial desta: o Latim. Ora, só o podia falar quem o tivesse estudado. Deste modo os grandes mosteiros e catedrais mantinham escolas que aos poucos foram proliferando.<br /><br />A mais antiga referência a estudantes portugueses aparece num documento de 1072 relativo à catedral de Braga, sendo que o mais antigo professor é mencionado num outro documento que data de 1088 e que dava pelo nome de Pedro Gramático.<br />D. Afonso Henriques teria ele também um amigo chamado João Peculiar que era mestre na escola da catedral de Coimbra sendo mais tarde um dos fundadores de Santa Cruz de Coimbra (1131).<br />Inicialmente virado para o clero, o ensino em breve se alargou para as gentes da emergente burguesia nascendo assim os centros de ensino, laicizando o saber.<br /><br />A fim de não proliferarem “mestres” e alunos sem se exercer o mínimo controlo e, com o crescente número de mentores de uma multidão de alunos, a Igreja disciplinou o ensino e exigiu que os mestres possuíssem uma licença para ensinar (“Licentia Docendi”), daí o nome de “licenciado”.<br />Como este estudo se destinava quer ao clero quer aos leigos, para ser distinguido do ensino reservado apenas aos clérigos, passou-se a chamar de estudos gerais, sendo na base destes que nascem as Universidades. Universidade: palavra que tem origem latina “Universitas” que significa conjunto ou totalidade.<br /><br />A Igreja, mediante o crescente aglomerado de mestres e alunos, uns do clero e outros não, cognominou esse conjunto de Universitas Scolarum et Magistrorum, sendo reconhecida primeiramente a de Paris [entre 1200 e 1231 (1215 segundo J. H. Saraiva)] e mais tarde a de Toulouse e Bolonha. (1229). Em Espanha temos Palença (1214-1216) e Salamanca (1230). Embora muitos apontem a Universidade belga de Louvaine (“Leuven”) como a primeira de todas, os registos apontam para a sua fundação em 1425-26 (in “Le Petit Larousse illustré” de 1995).<br /><br />A consciência de que os tempos eram novos, de que se opunham à época precedente, gera uma consciência polémica que define alguns aspectos da nova mentalidade, da vontade de instaurar outras formas de educação e de vida: uma outra sociedade. É dentro deste movimento que os prelados portugueses superiores de algumas ricas comunidades eclesiásticas ( Alcobaça, Santa Cruz de Coimbra, S. Vicente de Lisboa, Santa Maria de Guimarães, entre outros ) dirigem uma petição ao Papa (1288) com o fim de que este os autorizasse a aplicar uma parte dos rendimentos na sustentação de um estudo geral em Lisboa, facilitando a formação de pessoal para a Igreja e evitando os perigos e despesas que a frequência dos estudos noutros países exigia.<br />O Papa Nicolau IV através da Bula STATU REGNI PORTUCALIAE (1290) confere então a Lisboa o tão ansiado estudo geral, sendo nesse mesmo ano confirmado o estudo, em Carta promulgada por El- Rei D. Dinis: “ Dada em Leiria a 1 de Março. Por mandado d´El - Rei a notou Afonso Martim. Era de 1328.” (1290).<br />Os estudos extramonacais começaram portanto com um atraso de muitas dezenas de anos em relação a outros países, tal deve segundo alguns estudiosos, quer no facto de a influência de Santa Cruz de Coimbra e de Alcobaça junto dos nossos reis, que julgava suficiente os centros de estudos existentes, suficientes para satisfazer as necessidades culturais da época, quer pela influência do ensino feito à margem da Igreja, nas sinagogas, onde estudaram muitos colaboradores dos primeiros monarcas.<br />Seja como for, está também nas causas deste atraso, o baixo desenvolvimento social e cultural, que levava muitos portugueses a irem estudar para outras paragens, D. Sancho I teria disposto de 400 morabitinos para pagar estudos de portugueses no estrangeiro. No entanto, mesmo com os estudos gerais em Lisboa, apenas os mais pobres por lá ficavam, pois quem tinha posses enviava seus filhos para o estrangeiro, como por exemplo para Montpelier (criada em 1289) , pois frequentar as universidades estrangeiras era muito mais prestigiante. Deste modo Lisboa e os seus estudos gerais limitou-se a ter uma função secundária ao serviço da Igreja e do Estado: para a primeira preparava religiosos, bons sabedores de Latim e para o segundo, criava letrados que eram encaminhados para a burocracia ou, à margem dela, exerciam a advocacia.<br /><br /><br />Nunca se chegou a construir um edifício próprio para a universidade como aconteceu em Coimbra sob mando de D. Dinis, não se sabendo por isso onde funcionou a primeira universidade portuguesa.<br />A Igreja continuava a possuir entre os seus membros os mais cultos da sociedade da época contudo, os estudantes começam a formar uma camada social à parte pela sua rebeldia e irreverência o que provocava desacatos com as autoridades militares e conflitos escolares com os cidadãos. Assim, a Universidade criou um "Foro Académico" que libertava os estudantes de responder em tribunal civil e desta forma separa os estudantes da população. Esta separação entre estudantes e demais sociedade está patente através da transferência da Universidade para Coimbra em 1308 e 1354 por ordem do Rei, umas vezes pela pressão popular, farta de zaragatas e de barulhos outras vezes, pela ameaça da burguesia cuja Universidade era o suporte ideológico e cultural.<br /><br />Voltará a Lisboa em 1377 por vontade de D. Fernando, que alega que só com a Universidade em Lisboa poderá contratar mestres no estrangeiro pouco dados a viver na província longe do centro geopolítico do reino.<br />A influência das universidades na sociedade de então é, segundo alguns autores, mais importante do que nos é dado pensar; há quem afirme que a revolta dos concelhos contra D. Dinis ter tido como principal mentor um advogado de Beja; deste modo já não eram os simples vozeiros que defendiam as causas de justiça apoiados numa retórica pouco fundamentada mas sim verdadeiros doutos em Direito (ensinado nas universidades) que sabiam a lei e os processos mais intrínsecos das “démarches” judiciais.<br />A Universidade será mais tarde e finalmente implementada em Coimbra de onde nunca mais se desenraizou.<br />O estudante, demarca-se assim da população, constituindo uma classe que cada vez mais é prestigiada, distinta, até, pelo uso do Traje Académico, constituído pela batina e pela capa, cuja forma original sobrevive ainda no "Hábito Talar" dos actos de Doutoramento.<br /><br /><br />Os problemas e os distúrbios dos estudantes, o facto de a Universidade andar em bolandas de Coimbra para Lisboa e definitivamente para Coimbra, conotou o Traje como Coimbrão. E assim, Coimbra, a " Menina e Moça" do Mondego, tornou-se a “Mãe” de toda uma tradição aqui nascida e enraizada. Com a expansão das Universidades e a proliferação dos Institutos Politécnicos, as praxes são levadas aos quatros cantos da nossa "Lusitânia", como é o caso da vetusta "Ciuitas" de Viseu, capital da Beira Alta.<br />O estudante com o seu traje típico foi habituando a sociedade portuguesa, àquele indivíduo simultaneamente generoso, impertinente e sentimental. Criou-se quase uma lenda, um tipo social, a quem todas as audácias eram permitidas. As suas extravagâncias e boémias, todo um conjunto de usos e costumes que a tradição oral e escrita fixou e transmitiu, constituiu uma lei e uma moral à parte da sociedade: A Praxe Académica. É este tipo de estudante que se imortalizou e fez passar a tradição de geração em geração.<br /><br /><br />Celebrizou-se o estudante libertino da quadra popular, do canto amoroso, da saudade, do eternizar da mocidade, nos quais se contam Augusto Hilário, imortal estudante coimbrão que nasceu e morreu em Viseu e, que para melhor eternizar o canto e canção coimbrã, dotou o fado de lindos poemas e baladas de amor que contribuíram para o enriquecimento da nossa cultura, um símbolo da nossa Universalidade Lusa, que é o amor cantado e celebrado nas serenatas, deixando pairar no ar um nostálgico Sebastianismo, num eterno voltar às origens.<br /><br />Texto adaptado de “História Concisa de Portugal” de J. Hermano Saraiva, “colecção saber” das publicações Europa-América

Notas sobre as Latadas - Dados

 <a href="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/1600/Caloiros.jpg"><img style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/200/Caloiros.jpg" border="0" /></a><br /><strong><span style="font-size:130%;">AS LATADAS</span></strong><br /><br /><br />As Latadas são uma das festividades académicas mais irreverentes e divertidas, marcando actualmente a iniciação dos caloiros à Praxe Académica. Neste cortejo, os caloiros vão vestidos com fantasias ao gosto dos doutores da praxe transportando normalmente cartazes de carácter crítico respeitantes à vida circum-escolar, política e social da nação e da comunidade internacional.<br />A partir dos anos 50 e 60 passam a realizar-se no início do ano lectivo e não no final como acontecia antes.<br /><br />Após o fim do período de Luto Académico, em 1979 a Praxe Académica volta à actividade. É a partir desta data que se passa a realizar uma só Latada para todas as Faculdades. Anteriormente, até aos anos 50 e 60, faziam-se tantas Latadas quantas as Faculdades, mas o aumento significativo do número de estudantes levou a que se procedessem a alterações nas realizações das Latadas<br /><br />As "Latadas" remontam ao século XIX quando os estudantes exprimiam ruidosamente a sua alegria pelo termo do ano lectivo - em Maio. Utilizavam para tanto todos os objectos que produzissem barulho, designadamente latas...<br /><br /><blockquote>Durante os 3 primeiros dias que antecediam as férias de ponto ninguém na Alta<br />(Bairro Latino) tinha sossego. Das instituições académicas subsistentes foi das<br />que melhor testemunhou o longo processo evolutivo, porquanto chegou quase aos<br />nossos dias ligada simultaneamente à cerimónia de imposição de insígnias e à<br />iniciação dos caloiros (baptismo).<br />Como a “Queima” as “Latadas” representam<br />um modo de reconhecer a autenticidade das instituições e o poder político<br />decorrente da legitimidade saída de uma sociedade fortemente tradicionalista.»</blockquote>(in A sociedade tradicional Académica Coimbrã de A.R. Lopes, s.d.,)<br /><br />Analisemos o relato de Trindade Coelho para tentarmos compreender melhor a vivência académica do seu tempo:<br /><br /><blockquote>«Ora foi na aula do Chaves, nem mais nem menos, que o Pássaro, rasgando uma<br />folha em branco da Novíssima Reforma Judiciária, fez no 4.º ano o programa das<br />latas, o célebre programa das latas, que é hoje raríssimo, e uma das peças<br />clássicas da boémia de Coimbra - tão afamado como o Palito Métrico! Apanhado, o<br />programa foi impresso; e impresso, não houve ninguém que o não comprasse no dia<br />seguinte, à Porta Férrea, por um vintém - pois que de mais a mais tinha<br />oportunidade: as aulas de Direito fechavam-se nesse dia, e à noite, como era da<br />tradição, a rapaziada tinha de sair pelas ruas de Coimbra - naquela<br />extraordinária inferneira chamada a Festa das Latas, em que cada um, incluindo<br />os novatos, que nesse dia ficam emancipados e já podem sair de noite sem<br />protecção, arrasta atrás de si as latas que pôde ir juntando durante o ano, ou<br />as que comprou na «feira das latas» aos garotos, que vendem uma banheira velha<br />por um pataco e três cântaros de «folha» por um vintém!<br />Essa é a tremenda<br />noite de Coimbra, em que ninguém prega olho - troça aos estudantes das outras<br />Faculdades, que ainda têm aulas no dia seguinte -, e que uma vez obrigou a fugir<br />não sei que inglês touriste, que berrava, de mala na mão, a correr para o<br />caminho-de-ferro:<br />- Doidos! Doidos! Doidos varridos!» Fim de citação.</blockquote><br /><br />Bibliografia: In Illo Tempore; Coelho, Trindade; Publicações Europa-América, Livros de Bolso, n.º 287; s.d.; pp. 14

Notas sobre a Queima das Fitas

 <a href="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/1600/Queima%201988.jpg"><img style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="http://photos1.blogger.com/blogger/48/2307/200/Queima%201988.jpg" border="0" /></a><br /><strong>QUEIMA DAS FITAS, BREVE HISTORIAL<br /></strong><br />A Queima das Fitas, de acordo com a forma que hoje possui, só parece ter surgido em Coimbra a partir de 1919.<br /><br />No entanto, os alicerces que lhe deram origem remontam a 1899, com a realização do Centenário da Sebenta que pretendia ser uma réplica dos centenários comemorados entre 1880 e 1898. A intenção destas festividades seria a de homenagear várias personalidades e acontecimentos. Mais tarde, celebra-se o enterro do Grau.<br /><br />«O ponto comum destes centenários era a sua apresentação pública na forma de um cortejo, com fogo de artifício, sarau e touradas. Porém, estas formas de homenagem não eram as mais próprias, uma vez que deturpavam o verdadeiro significado das efemérides. Surge assim, a ideia da realização de um centenário humorístico, ridicularizando os até então feitos, tomando por base a sebenta, compilação dos apontamentos do professor. O Centenário da Sebenta passa a ter, assim, um âmbito critico de carácter geral e, ao mesmo tempo, particular, já que se protestava contra a exploração dos sebenteiros. A estrutura de tal manifestação confinou-se a cortejos alegóricos e a um sarau. Tratava-se agora de desenvolver esta ideia.<br />Nos anos seguintes, o 4.º ano jurídico organiza festas da mesma espécie e introduz um aspecto inovador: o queimar das fitas que se usavam nas pastas e que eram indicadoras da sua condição de pré-finalistas. A fita é uma consequência das pastas dos meados do século passado que tinham para prender as duas partes que a compõem, três laços de fita estreita da cor da Faculdade do utente, um de cada lado, ao meio das bordas da pasta. O queimar das fitas acabou por se transformar num acto simbólico cujo significado assenta no atingir um objectivo próximo: o término do curso.<br />Em 1905 realizou-se o Enterro do Grau, em consequência de uma reforma dos cursos universitários que mantinha os graus de Licenciado e Doutor e abolia o grau de Bacharel. Este facto levou a um festejo de estrutura idêntica aos anteriores. No entanto o Enterro do Grau é mais uma manifestação a ligar os festejos anteriores ao que viria a ser mais tarde a Queima das Fitas, porque pela primeira vez, se verificou a participação activa da população de Coimbra, começando a verificar-se que a Queima das Fitas era já uma festa de comunhão com a população da cidade, cuja iniciativa pertencia aos estudantes.<br />No ano de 1913 um episódio marcou a história das festividades académicas, quando no dia 27 de Maio, devido a um incidente motivado pela academia, um tenente da guarda ficou sem o boné.<br />Eivados da característica irreverência académica os estudantes gritavam constantemente: "olha o boné”. Devido à repercussão que o facto teve na época, este dia foi tornado, durante muitos anos, como o dia principal dos festejos.<br />Verificaram-se até 1919 alguns interregnos, condicionados pelas condições políticas, económicas e sociais da época como, por exemplo, a proclamação da República, e a 1.ª Grande Guerra Mundial.<br />Mas foi de facto neste ano, 1919 que as celebrações académicas começaram a adquirir a estrutura que conservam actualmente.<br /><br />Pela primeira vez os finalistas de todas as faculdades celebraram em pleno a festa da Queima das Fitas, para além de se ter dado um passo importante para a sua sedimentação.»<br /><br />(in Código da Praxe Académica de Coimbra, 1993)

Notas livrescas sobre Tradição Académica

 <span style="color:#ffffff;">...</span><br /><br /><div>Dois títulos que poderão se rdo interesse de quem estuda, ou quer saber algo mais, sobre praxe e tradição académicas, nomeadamente em Coimbra.<br /><br /><div><br /><strong>Academia de Coimbra 1537-1990: Historia. Praxe. Boemia e Estudo. Partidas e Piadas.</strong></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5230405993815802674" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_1V_8FGdL-D0/SJYiihx3AzI/AAAAAAAABQQ/Q_LBteEdr60/s400/3530590.jpg" border="0" /><br /><div>Organismosacademicos, A<br /><a class="middleblackbold" href="http://www.leitura.pt/search.ud121?trigger_event_0=search_result&amp;search_criteria=%7C%A7UP.autor%A8%3DLAMY%2CALBERTO+SOUSA&amp;from_zone=P%E1gina+detalhe+do+produto">Lamy, Alberto Sousa</a><br />Editor: Rei dos Livros<br />Nº Edição: 2<br />Ano de edição: 1990<br />Local de edição: Lisboa<br />Número de páginas: 865<br />ISBN: 3530590</div><br /><br /><div></div><div><br /><strong><span style="font-size:130%;">Coimbra e a Delinquencia Estudantil ( 1580-1640)</span></strong></div><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5230406071866690322" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_1V_8FGdL-D0/SJYinEipCxI/AAAAAAAABQY/WCXNZD9SSkY/s400/972-794-207-5.jpg" border="0" /><br /><p><strong></strong></p><div><br /><a class="middleblackbold" href="http://www.leitura.pt/search.ud121?trigger_event_0=search_result&amp;search_criteria=%7C%A7UP.autor%A8%3DBRAGA%2CPAULO+DRUMOND&amp;from_zone=P%E1gina+detalhe+do+produto">Braga, Paulo Drumond</a><br />Editor: Hugin<br />Nº Edição: 1<br />Ano de edição: 2003<br />Local de edição: Lisboa<br />Número de páginas: 125<br />ISBN: 972-794-207-5</div><div> </div><div><span style="color:#ffffff;">...</span></div></div>

Notas sobre a Tuna e os Códigos de Praxe

Reinicio a escrita, passado todo este tempo, tomando como primeiro assunto a questão da contextualização das tunas académicas/universitárias na praxe da realidade que representam.

O assunto foi já abordado por diversas vezes no portugaltunas, bem como mais recentemente no blog do meu correlogionário Ricardo Tavares, o nosso bem conhecido e estimado "Sabanda".

Oferece-me dizer que dissociar as tunas da praxis académica é algo que tem tanto de benéfico como de pernicioso, senão vejamos o quão incoerente será falar-se de tunas académicas/universitárias que trajam capa e batina (ou "equivalente") e cujos elementos partilham de uma tradição/vivência comum e um mesmo "espaço" académico e, depois, querer fechar os olhos à implícita associação daí decorrente (até porque normal e correcta).



Se muitos dos códigos não têm referência explícita ao fenómeno tunante, não é menos verdade que os há que tiveram esse aspecto em conta. Além disso, muitos dos códigos não foram alvo de qualquer revisão perante um fenómeno que só agora começa a assentar as primeiras poeiras (criando o necessário distanciamento para ser entendido).

Mas deve a tuna ser uma realidade regulamentada como se de uma mera manifestação da praxis académica se tratasse?


Obviamente que não, nem faria qualquer sentido querer fundir aspectos que, embora se tocam e cruzam, são distintos no modus procendi e, até, na sua génese e percurso, apesar das actuais tunas terem o seu alfobre na reabilitação das tradições académicas.

No caso que conheço, porque fui legislador desse código (na UCP de Viseu), apenas se referenciavam as tunas directamente ligadas ou representativas da UCP de Viseu. Nessa altura o grupo existente (extinto há já alguns anos) era a Tuna da Associação Académica, entidade tinha uma relação de cooperação e trabalho directo com o Conselho da Praxe, daí que o código fizesse a ponte entre os vários organismos académicos, por consentimento de ambas as partes.

Assim, definia-se para as tunas da casa que observassem o traje e correcto trajar em vigor na academia, respeitassem as hierarquias em vigor (no caso em concreto era impedido qualquer rito aplicado a novos tunos que fosse equiparado ao rito próprio para caloiros - excepto se fossem caloiros em ambas as realidades - evitando-se a perda da honorabilidade e "dignidade" da condição de doutor ou veterano na praxe).

Sentiu-se, na altura, a necessidade de distinguir o que era rito para caloiros daquilo que eram ritos de iniciação nas tunas, salvaguardando, nomeadamente, a repetição ou os casos menos bonitos de ver doutores ou veteranos na praxe submetidos a actos pouco dignos da sua condição.
Para além disso, eram dadas as normais beneces aos caloiros que entrassem na tuna (isenção de praxe nos tempos de ensaio e actuação, excepto por elementos do Conselho de Praxe em caso de dolosa violação do código - e em que não houvesse intervenção de mais ninguém), para além da lei de protecção de instrumento (conquanto provasse saber executá-lo).

[Episódio curioso (em jeito de aparte) é que essa tuna foi extinta por decisão da reitoria, depois de ter sido consultado o conselho de praxe (que já tinha intervindo e admoestado o grupo por "delitos" anteriores) por esta. Algumas posturas e atitudes dos seus elementos de então puseram em causa o bom nome e prestígio da universidade local, da praxe e dos costumes académicos, pelo que foi retirada a autorização de representar a academia e de no seu espaço funcionar como instituição (e que teve o apoio, também, da associação académica da altura -1999)].


Julgo que é o que deve tender a existir: um respeito pela praxis de cada academia, pelo seu código, mas respeito também pelo espaço "tuna" e sua própria forma de viver essa condição.

A Tuna não é burgo que não deva prestar contas a ninguém em termos de praxis, porque tem o dever (pelo menos moral) de uma conduta coerente com a academia de que é oriunda, mas também não é seara dos conselhos de praxe onde estes possam lavrar a seu belo prazer, como se de uma vulgar trupe de tratasse.

Ainda assim, convirá recordar que um tuno estudante deve lealdade, em primeiro lugar, à praxe e ao código da instituição que o acolhe (ou, visto de outro prisma: na qual ingressa), pois é a condição de académico, em primeira instãncia que lhe confer eo estatuto necessário para, posteriomente, usufruir da condição de tuno numa tuna académica/universitária.

Assim, mesmo tratando-se de realidade distintas (mas não desconexas), só depois deve essa fidelidade à tuna.

No caso dos antigos estudantes, por certo que só á tuna devem contas e por eles responde a tuna institucionalmente no que concerne ao respeito pelas tradições.

Se as tunas representam uma realidade que as diferencia de outras tunas (das populares, por exemplo), então devem traduzir no seu modo de ser e estar esse respeito e vivência da praxis, nomeadamente (e quase resumidamente), ao correcto uso do traje, conforme determinado na sua academia.

Ainda fazer notar que julgo descabidos alguns ritos tunescos que reproduzem e repetem práticas que têm lugar nos ritos de iniciação ao caloiro, aquando da sua entrada na faculdade. Alguns desses ritos ou práticas tunantes acabam por tornar ridículo esse acto (porque copiado ou retirado de um contexto que não é origialmente seu), dado não serem uma tradição de tuna, mas uma cópia (às vezes barata), em detrimento de usos mais criativos e apropriados a uma tuna

Basta, por exemplo, perceber a forma como alguns novatos ou caloiros das tunas são (mal)tratados (alguns deles nem sequer novatos na vida académica), num puro exercício de sadismo e falta de bom gosto que não dignifica nenhuma das partes.

E nisso ajuda a confusão que depois se faz entre praxe e tunas.

Por certo que o meu leitor me chamará a atenção para o que sucedeu no boom tunante de finais da década de 80, em que os grandes dinamizadores da praxe e das suas academias eram também os mesmos impulsionadores e "timoneiros" das tunas que se iam criando .
Mas se houve muita "terra de ninguém" e a necessidade de, num primeiro momento, pedir a praxe emprestada para dar contornos de alicerce legitimador às tunas, também já vem sendo tempo de emancipar as tunas e terminar o empréstimo que mais não foi do que uma renda paga de algo que, no fim do contrato, volta a seu dono ficando as tunas com..................... (eis a questão: com o quê?).

Os ritos e praxe nas tunas precisam de ser melhor compreendidos e pensados, retirando-lhes os aspectos que nada têm a ver com elas, deixando apenas o pertinente e promovendo uma cultura própria, mesmo que influenciada ou adaptada na sua génese (até porque se corr eo perigo, nos antípodas, de inventar gratuitamente práticas ainda mais ridículas). Ver tunas que dão autênticos shows de praxe como se de um circo de rua se tratasse é mais um pálido contributo para a imagem deste fenómeno e, ainda mais, para o da praxe e estudante universitário.


Muitos profissionais liberais regem-se por um código deontológico próprio, sem que tal substitua a obrigação de respeitar as regras do civismo e boa educação que a todos dizem respeito enquanto, antes de mais, cidadãos.

Do mesmo modo os tunos devem observar a tradição e respeitar os códigos e praxe em vigor, sem que isso entre em conflito com o seu próprio "código deontunológico", enquanto cidadão académicos e, também, tunos.

Diria que estas questões seriam de deixar ao bom senso de cada um, mas está provado que cada um se acha dono do mesmo e seria continuar tudo na mesma (com indícios, até, de piorar).
Daí que vejo a necessidade de Conselhos de Praxe e Tunas se sentarem à mesma mesa e conversarem, pois é a falta de diálogo que foi dando aso a muita confusão e equívocos.

Para terminar, dizer que mal vai a procissão quando o sacristão tem de fazer as vezes do Padre; mal vai pois a praxis e tradição académicas quando se propala que as tunas é que devem promover o revivalismo e as tradições académicas, substituindo-se a quem de direito, vestindo um mesmo traje para dois ofícios distintos, mesmo que, usualmente, concomitentes.

Com efeito, há que dar a César o que dele é, deixando de misturar alhos e (bo)galhos.

Já muito li de gente bem intencionada a afirmar que se deve às tunas a continuidade das tradições, da praxe, do uso do traje ....... e que elas devem assumir esse papel promotor e, até, serem protagonistas da mudança, por manifesta falta de competência e atitude dos conselhos de praxe. Mas uma coisa são as medidas individuais ou de grupo, outra é confundir associação de pessoas com a instituição tuna, mesmo se têm intervenientes comuns.

Se as academias sofrem dos problemas que todos conhecemos, se a culpa pode ser dividida entre os factores sociais, culturais educacionais, somando a inaptitude dos muitos conselhos de praxe há, contudo, que separar as águas.
As tunas devem preocupar-se com elas mesmas, porque muito têm que fazer, porque também elas a braços com muitos problemas (e nisso deveriam, até, ter o discernimento de aprender com o exemplo da praxe, cujos actuais problemas afectam, também, as tunas).

A cooperação e colaboração é imprescindível e benéfica para ambas as partes 8e deveria ser algo comum em todo lado), mas uma coisa é esse relacionamento amistoso e fraterno, outro é substituir-se, confundir, emiscuir e desvirtuar, trocando as voltas e só ajudando a por do avesso aquilo que mais ou menos torto estava.

Há uma coisa que muitos se esquecem, infelizmente, mas deveriam colocar no postulado: o dever de viver a cidadania académica de forma interventiva...........que deixe obra feita.

Notas sobre III Congresso Nacional da Tradição Académica

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III Congresso Nacional da Tradição Académica

Após o sucesso do I congresso em Évora, o Magnum Consillium Veteranum da Universidade do Porto, respondendo ao repto lançado, prontamente se empenhou e organizou distintamente o II Congresso Nacional da Tradição Académica.

O III Congresso Nacional da Tradição Académica pretende por isso, continuar o debate iniciado nos I e II congressos, englobando, desta feita, todos os agentes que participam na “Tradição Académica”, não estando limitado apenas aos órgãos que a coordenam e regem.O Conselho de Notáveis da Universidade de Évora vem por este meio convidar todos aqueles que perpetuam a Tradição Académica a participar no III Congresso Nacional da Tradição Académica.


PROGRAMA:

Dia 1 de Novembro - Quinta-feira

Dia da Universidade e da Abertura Solene das Aulas
- Empossamento dos Novos membros do Conselho de Notáveis da Universidade de Évora
- "Capamento"
- "Chocalhada"
- "Largada dos Sapatos"


Dia 2 de Novembro - Sexta-feira


14:00 - Sessão de Abertura

* Magnifico Reitor da Universidade de Évora
* Drª Renata Amaro
* Representante do Governo Civil
* Membro do Conselho de Notáveis

15:00
- Conferência: "Cegarrega e o Conselho de Notáveis – 20 anos"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Dr. Manuel Cabeça (Notável fundador)
* Prof. José Rafael (Notável fundador)
* Luís Matos (Membro actual do Conselho)

16:00
- Coffee Break

17:30
- Conferência: "O traje académico - Origens e Evolução"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Prof. Doutor Armando Carvalho Homem (Universidade do Porto)
* Membros das academias de Coimbra, Aveiro e Minho


Dia 3 de Novembro - Sábado


14:00
- Conferência: "A tradição académica e a cidade"
* Moderador: Vasco da Câmara Pereira (Ex "Geraldo ou Geraldes sem Pressa")
* Prof. Doutor Manuel Ferreira Patrício (Ex - Magnifico Reitor da Universidade de Évora)

15:00
- Conferência: "As Tunas Académicas como vivência da tradição"
* Moderador: Membro do Conselho de Notáveis
* Membro da Tuna Académica da Universidade de Évora (T.A.U.E)
* Membro da Tuna Feminina da Universidade de Évora (T.A.F.U.E)
* Membro do Grupo Académico Seistetos (G.A.S)
* Membro da Tuna Académica de Évora (T.A.E)
* Membro da Tuna Universitária do Instituto Superior Técnico (T.U.I.S.T.)
* Membro da Tuna Universitário do Porto (T.U.P)
* Membro da Estudantina de Coimbra


16:00
- Coffee Break

16:30
- Conferência: "Tradição Académica – Perspectivas Várias"
* Prof. Doutor Aníbal Frias (Universidade da Sorbonne - Paris)
* Luís Filipe Borges (Apresentador)
* Caloiro da Universidade de Évora

17:30
- Conferência: "Processo de Bolonha e o futuro da Tradição Académica"
* Moderador: Prof. Bravo Nico (deputado)
*Membros das academias de Évora, Coimbra, Porto, Minho, Aveiro, Covilhã, Vila Real e Madeira

18:30
- Sessão de Encerramento
* Magnifico Reitor da Universidade de Évora
* Membro do Conselho de Notáveis

Contacto para mais informações: 962730354

Notas sobre o que queima a Queima

Época de loucura e exageros. É o momento que se vive um pouco por todo o país com as Queimas no seu auge.
Os estudantes soltam amarras e vêm para a rua festejar, mesmo que, ainda, antecipadamente, o final de mais um ano lectivo e, para alguns, o final dos seus estudos superiores.
É época de festa e, de facto, há motivos para festejar: a economia do país está em alta, o poder de compra está forte, as saídas profissionais estão descongestionadas e a sociedade vai ser capaz de absorver mais uns milhares de licenciados (nem que seja nuns biscates no Lidl, Continente ou afins)!!!!

É tradição, a tradição secular que manda, mas questiono-me sobre o modo como as queimas são, hoje em dia, percepcionadas e vividas. Época propícia à reivindicação, inconformismo e manifestação, acabamos por perceber que esta juventude está mais preocupada em divertir-se, beber até cair e exagerar no “carpe diem”, ao invés de, também, fazer destes eventos uma forma de contestar a actual situação em que vivemos e que, no caso destes, muito os irá afectar quando saírem para o mercado de trabalho (mesmo que com grandes médias).

Pegando na ideia do Ricardo Tavares, se antes existia uma forte identidade corporativista, que defendia o interesse dos estudantes, traduzido no F.R.A. (Frente Revolucionária Académica), onde a luta se fazia para preservar a cultura e tradição académica do aproveitamento político que delas queriam fazer os governantes, hoje em dia parecem-me os estudantes mais tolhidos intelectualmente – incapazes de perceber o aproveitamento que deles se faz, subordinado ao interesse económico.

Não posso aceitar que a tradição e praxis académica sejam, actualmente (e desde há uns anos a esta parte) movidas pelo quase exclusivo interesse económico. A praxe comercializou-se quase totalmente, obedecendo já não aos seus próprios preceitos, mas à programação dos investidores e organizadores de mega-eventos a metro, mais direccionados para um público anónimo do que para os estudantes, de facto.

No meio disto, dizer, pois, que a Queima é, infelizmente, um evento já não para estudantes, mas onde estes são uma parte menorizada, uma desculpa para atingir outro público mais vasto, para atingir metas financeiras e lucrar à custa daquilo que dizem ser uma festa académica.

Qual a posição dos organismo de praxe, dos Conselhos de Veteranos, daqueles que devem assumir a primeira linha de defesa e preservação da cultura e tradição?
Pelo que vamos vendo, a sua ausência, e comprometedor silêncio, parecem estar argumentados no já comum aliciamento destes, num acto que roça o “suborno”, onde os responsáveis pela praxe recebem regalias por parte das organizações (bilhetes à borla, livre-trânsitos - isto quando não são directamente remunerados) para se arregimentarem do lado do interesse comercial e económico em que se travestiram as Queimas. Parece ser assim, pelo menos assim dá a entender este crescente desvirtuar da Semana Académica, onde os actos puramente praxísticos são uma gota de água no oceano da programação e oferta deste eventos ditos académicos.

Nisto tudo, bem que é de perguntar para que servem as tais Federações Académicas. Pouco mais lhe vejo trabalho do que a organização da Semana do Caloiro e Queima das Fitas, resumidas unicamente ao papel de "fazedores de eventos", empresas especializadas em festas.
O carácter abengado e a gratuidade já eram há muito, obviamente.
Se isso é defender o interesse dos estudantes, se isso é associativismo estudantil....vou ali e já venho!

A Queima é, hoje em dia, um evento já não para o estudante, como alvo, mas para a cidade ou o país, onde importa é lucrar e ter casa cheia, onde os concertos XPTO e as discotecas foram abafando as expressões mais simples (mas mais genuínas) da vivência académica.

A população universitária, essa, levada por uma certa ignorância e alheamento, assume o papel de populaça anónima (mesmo se muitos, nessa altura, assumem, pontualmente para "inglês ver", o papel de académicos e tiram, finalmente, o traje do armário), na onda de uma cultura pimba onde “Maria vai com as outras” e importa mais parecer do que ser.

A falta de intervenção por parte dos organismos de praxe, na promoção de eventos que formem e unam os estudantes em torno da sua cultura e tradição, leva a que essa mesma cultura e tradição sejam, gradualmente, substituídas por manifestações que nada têm a ver com praxe. Aliás, basta ver o afunilado entendimento geral que se tem de praxe, sendo assustadora a ignorância que os própriso estudantes têm desta, do seu significado e vivência.

A Queima é, também, hoje em dia, olhada como uma competição, onde importa é fazer melhor que a Queima da academia X, Y ou Z, gastando fortunas (e mesmo assim lucrando) que tanta falta fazem a outras actividades e grupos académicos, chegando mesmo a haver uma espécie de espionagem inter-cidades para calendarizar as datas dos eventos nos melhores dias.

É a era do Queimódromo, onde tudo se concentra, abandonando as ruas e as praças, tudo para satisfazer as necessidades dos grandes concertos e das multidões que pouco se importam com o que se está a festejar e se estão borrifando para a tradição.

Não estou contra os concertos, pois há que ir ao encontro dos gostos dos estudantes, mas enoja-me ver cartazes onde ¾ dos mesmos são concertos e onde as actividades realmente académicas quase passam despercebidas. Revolta-me ver que as programações visam o grande público e não os estudantes em si, relegando-os para segundo plano, reduzindo-os e servindo-se deles e da tradição como desculpa para fazer dinheiro, delapidando a praxe e colocando no fundo da hierarquia de prioridades, as actividades de foro estudantil e académico.

Lamento que os nossos jovens, que os organismos que regem a praxe, se fiquem, se calem e sejam cúmplices deste atentado às nossas tradições. Lamento que não haja quem tenha coragem para dizer “Basta!” e assuma a necessidade de devolver aos estudantes a sua festa, a sua Queima, mesmo que isso signifique uma simplificação programática e o deixar de encaixar umas milenas de euros (que só favorecem os organizadores e raramente quem precisa par a investir no que é, realmente, importante).

Nunca vi uma geração tão passiva e acomodada, tão pouco reivindicativa e desprovida grandes causas por que lutar - o que não auspicia nada de bom e não abona a favor da futura elite e quadros superiores do país!

Notas sobre o Barrete do Traje Académico

"Bonete"

Exemplo do Barrete Redondo (Coimbra), ou "Bonete Redondo de Cuatro Picos" (Salamanca, Valladolid) usado por estudantes e lentes das universidades históricas da Península Ibérica, referido em estatutos universitários, literatura académica vária e iconografia, pelo menos desde o século XVI.
Os estudantes usavam-no em preto, sem cristas (estas mais comuns nos barretes quadrados), aplicando-lhe na parte superior central da copa uma borla curta ou pompom. Os lentes, conforme o grau académico, mantinham a base preta, mas aumentavam o tamanho da borla caso fossem bacharéis, licenciados, mestres ou doutores. As
borlas franjadas mais longas, a cair em cascata para a base do barrete, eram as doutorais. No auge do aparato permitiam a exibição de cores correspondentes a várias ciências.
Em Coimbra, este barrete foi mantido como uma das variantes do chapéu doutoral até à entrada do século XVIII, mas com a peculiaridade de os franjados atarracharem superiormente num florão de madeira forrado de passamanaria, ornato que se foi alteando a tal ponto que nas borlas redondas de Teologia da segunda metade do século XVII passou de florão médio a pega de tipo borla de reposteiro.
Este barrete deixou de usar-se em Coimbra desde o reinado de D. João V, tendo os estudantes abandonado o chapéu de alguidar (sombrero), o barrete redondo e o barrete quadrado em favor do vulgar gorro de pano dos estudantes sopistas e manteístas (num período em que se asseverava praticamente impossível conciliar o gorro em forma de manga com as cabeleiras postiças).
Em Salamanca, desde o último quartel do século XVIII que o "bonete" foi perdendo território para o tricórnio e para o bicórnio napoleónico de feltro preto. Nos anos de 1834-1835 o antigo traje académico estudantil espanhol foi oficialmente abolido, e com ele se perdeu o "bonete". A título de curiosidade, refira-se um exemplar avistado num elemento da Tuna Universitária de Santiago de Compostela pelo ano de 1993.
Em 1850 o governo espanhol aboliu os antigos trajes e insígnias dos docentes universitários, impondo como traje à escala nacional a toga preta de advogado, e a título de insígnias, o barrete preto de advogado revestido de borla compacta e franjados (praticamente idêntico ao dos advogados portugueses e membros do corpo docente da antiga Escola Médico-Cirúrgica do Porto). Em tempos de abolicionismo e de laicização, com os intelectuais universitários a oscilarem entre o paradigma vestimentário judiciário e a voga franco-napoleónica da casaca bordada/bicórnio/espada, o governo espanhol apenas autorizou reter do passado o anel doutoral e o capelo de capuz longo (muceta).


Texto retirado do blogue Virtual Memories

Notas sobre a Praxis Olissiponense (II).

Realizada que foi a Benção das Fitas na cidade universitária, em Lisboa, oferece-me lançar alguns considerandos que irão ao encontro do já dito, em anteriores artigos, sobre praxe, pasta, fitas, entre outros.

Não é a primeira vez que urdo um reparo à praxis lisboeta (daí esta 2ª Nota) e ao modo como ela é entendida e vivida, até porque, como os leitores mais atentos se recordarão, por mais que uma vez afirmei, não se poder falar propriamente de praxe, de verdadeira praxe, nesta academia, mas, desta feita, julgo que importa que os leitores alfacinhas, ainda ligados a esta vertente do exercício da cidadania académica, possam sair da sua letargia e imprimir um outro caminho, sob pena de “abandalhar”, definitivamente, o actual circo em que se tornou a praxe por estas bandas.

Este fim de semana que passou, as televisões, como é costume, deram alguma atenção à celebração da Missa dos Finalistas, com alguns canais a entrevistarem alunos em conclusão de curso. Nada de anormal, pelo contrário, neste particular (pena é não o fazerem noutras ciades). Anormal, isso sim, é o que se continua a ver e ouvir.

Saberão os académicos, os estudantes do ensino superior em que consiste a Pasta da Praxe? Não sabem, isso é um facto, bastando ter visto os simulacros de pastas abanadas com uma parafernália de fitas que mais parecia um carnaval carioca.
Saberão, estes mesmo estudantes, que as fitas a usar são em número de 8 apenas, e que existe uma ordem de colocação e atribuição das mesmas para assinar?
Não sabem, é facto, não apenas pelo que na TV se ouve (a roçar o ridículo ou o cómico por tanta ignorância junta) ou pelo que eu próprio constatei por antigos alunos meus.

Já nem vou falar, sequer, no trajar com malas e malotes de senhora, porque me dá voltas ao estômago.
O que prendeu a minha atenção foi ouvir uma finalista a explicar ao jornalista a simbologia do seu traje, símbolos, pins e afins.
Hilário e tantos outros académicos devem ter dado muitas voltas “em número ímpar”, onde quer que estejam!

Com que então, o grelo, pregado na lapela esquerda com in pin (!?!), é composto por duas fitinhas de seda?
Com que então usa-se grelo e fitas ao mesmo tempo em missa de finalistas?
Com que então a colher de café, posta na gravata é símbolo académico?
Com que então, o traje serve de uniforme militar, onde nem as golas se véem de tanta “medalha” (vulgo pins) ganha, e que se usam, principalmente, em cerimónias oficiais?
Com que então pasta comprada “na stapples” (ou equiparado), brasonada por fora com logotipo, é Pasta da Praxe?
Com que então usa-se pasta e fitas sem traje?
Com que então ela, a Pasta, só serve para transportar milhentas fitas (na moda de que é uma por cada subscritor)?

Tenham lá paciência, mas pergunto quem andou a formar, ensinar e orientar estas pessoas na praxe, porque, esses sim, são os verdadeiros culpados e hereges, num acto de vandalismo à tradição e cultura académicas sem precedente.

Não posso, em consciência, colocar o todo o ônus da culpa apenas nos finalistas e outros, porque muitos não têm culpa de quem inventou ou deixou que se inventasse tanto. Tenho pena, apenas, que a classe estudantil seja tão pouco esclarecida e desconhecedora das práticas e regras, da sua história e significado, para a viverem de forma mais consciente e crítica.
Onde estão os responsáveis, os veteranos, conselhos de praxe Dux e afins?
Que formação, idoneidade e competência têm para assumir essas funções?
Se não são solução, são parte, ou a grande parte, do problema e, por isso, como dizia uma colega minha, “quem não tem competência, não se estabelece”!
Se a cidade é incapaz de se colocar sob os auspícios de um organismo inter-academico, em termos de coordenação da praxe, pelo menos que cada instituição prime pela excelência em termos de praxis, de modo a evitar-se aquele ajuntamento que mais não é do que uma passerelle vergonhosa daquilo que ainda têm a distinta lata de chamar de praxe.

Desculpem o tom mais azedo, mas nestas coisas, entenda-se, de uma vez por todas, que não há meias medidas: ou é ou não é.
Diz o chavão que “Dura Praxis sed Praxis”, máxima que muitos, tolhidos intelectualmente, apenas ligam ao ritual de acolhimento dos caloiros, quando o significado se prende muito mais com a forma de se ser e estar, pois a praxe não é dura (como já o foi em tempos remotos), mas é firme, séria, primando pelo rigor. Esse é o sentido de Dura Praxis, reforçada pela adversativa “Sed Praxis” - nesse tal sentido de que não tem outra forma de o ser (porque, quando não, passa a outra coisa qualquer).

Não quero, com este artigo, deitar qualquer bréu sobre a festividade da Missa dos Finalistas – longe mim!
O facto de finalizar um curso, o estatuto de finalistas é motivo de gaúdio, júbilo, de festa rija e, numa época tão competitiva, de conjunctura económica e social tão apertada, temos mais é que dar os parabéns a toda esta gente, mesmo se paira no ar a incerteza de um futuro tão risonho quantodesejado, para a maioria deles, no mercado e trabalho.

Mas se, naturalmente, nos associamos à alegria daqueles que obtêm, após tanto esforço, o merecido canudo, tal não nos deve coibir de apontar o dedo e repudiar tudo quanto é perpetrado em nome da praxe e da tradição. ou desculpado só porque é festa!

Se certos senhores que se dizem “praxistas” (expressão que erradamente é tida como o acto de praxar) tivessem, isso sim, a lucidez de pensar em informar-se e formar-se, para depois informar e formar os outros (em vez de andarem a perseguir caloiros e em festiolas etílicas – resumindo nisso a sua acção), quem sabe as coisas não tivessem chegado a esse ponto.
É que certos indivíduos ainda não passaram da pré-primária da praxis, por isso só ainda sabem pintar e fazer desenhos nos caloiros ou brincar ao “faz de conta”.

A Praxe Académica, sua cultura e tradição, não é assunto de enclaves, mas diz respeito a todos, porque a praxe é um património nosso. E não falo, obviamente, dos pequenos aspectos que vão diferindo de instituição para instituição, sem se perder o essencial.
Neste caso, sobre capa e batina, pasta da praxe, grelo, fitas………. não há cá lugar a modas ou invenções, não há cá lugar a “praxe à moda de Lisboa” (ou qualquer outra localidade)!

Fica o reparo e o alerta, que espero possam servir de repto às forças vivas e sérias da academia lisboeta (muitos também ligados ao mester tunante), no intuito dela poder encetar uma mudança profícua que a dignifique, enquanto tal.

Os ditos líderes da praxe, responsáveis pela aplicação e respeito dos usos e costumes universitários, se não sabem, não podem ou não querem, que se demitam e possam dar lugar a quem assuma essa função com elevação, excelência, conhecimento e saber sobre praxe, para que lhe restituam todo o seu brilho e carisma, toda a sua significância (e possa assim ser vivida por todos).


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Notas ao interior do Traje - Revista ao Traje

Em tom jocoso e sarcástico, que o assunto só consegue mesmo provocar esse sentimento, trago à baila a última (que nem é assim tão recente, diga-se) das modas contemporâneas sobre a arte de bem vestir o Traje Académico.
Não falarei do que se vê, mas, como diz o outro no Rei Leão, para lá do que se vê: falo do traje académico de interiores, vulgo roupa interior normalizada e de uso "obrigatório".

Pois é, parece que uns iluminados pela acefalia aguda criaram a moda de que era imperativo que, com Traje Académico, se usasse determinado tipo de roupa interior (uma jogada de marketing com alto patrocínio de muitas AEs e/ou Conselhos de Praxe) . Nuns casos, são os belos boxers, meias com logótipo, etc., noutros estipula-se que tem de ser toda preta. Há para todos os gostos. Quando mais estúpido e ridículo, melhor. Como o assunto é roupa interior, na cabe, por exemplo, o caso de uns meninos de kilt (que fazem disso traje académico) e que determinam que, com ele vestido, é sem roupa interior (o passar da revista, caso se faça, ou um leve descuido em público já torna o caso um caso de polícia - atentado ao pudor).

A pergunta é clara: não querem legislar sobre mais nada? Sei lá, sobre de que lado deve estar a capa quando beijamos a namorada, se o penso higiénico deve ter uma colher de pau estampada ou se o preservativo deve também ter logótipo bordado.
Depois da mania de andar com o colete com 1 botão desapaertado (ideias peregrinas de quem quer inventar pseudo-tradições), já só faltava esta.

Pergunto-me, então, como se fiscaliza o cumprimento desse normativo. Pede-se às pessoas para baixarem as calças ou levantarem a saia?
E se o soutien for cor-de-rosa ou o boxer tiver motivos florais, em que pena se incorre? E quem andar sem qualquer adereço interior, paga multa, mesmo que os seus ditos sejam claustrofóbicos e possua atestado médico a comprovar a necessidade de arrejo ou exige-se, pelo menos, um logótipo tatuado na nádega?

Quem sabe se a moda de andar com as calças ao fundo do rabo, com os boxers à mostra (gente sem espelhos em casa que não conhece o conceito de decoro e aprumo e bem dá impressão de ser deficiente físico ou precisar de ir à Corporacíon Dermostética para levantar o rabo que descaíu meio metro) não pega também pelos lados do Traje Académico. Também já só falta isso!
Se a moda se alastra, a revista torna-se mais fácil, pelo menos isso. Até estou a imaginar o passar da revista a uma trupe onde a palavra de ordem é: "Toca a baixar as calças!" (conquanto não seja uma veterana, para não haver interpretações indesejadas! Hehehehehe).

Nada contra esse material promocional e de marketing existir, mas daí a dar-se a ideia que é imperativo o seu uso quando trajados.........vistam lá umas coisas dessas aos neurónios a ver se andam mais........."na praxe"!

Numa época em que o povinho anda de calças na mão, a conjectura é propícia!

O Rei vai nu.... a praxe para lá caminha!

Notas sobre a Praxis Olissiponense

Vim para Lisboa em 2000, para leccionar.
Por cá fiquei, apesar das saudades da minha capital beiraltina.
Ao longo deste anos, alguns aspectos pude observar, no respeitante à praxis e espírito académicos que vieram enriquecer e suportar algumas ideias pré-concebidas sobre a vivência da cidadania académica na capital.
De um modo abrangente e genérico, diria que Lisboa não apenas não tem tradição académica, como é viveiro de contínuo atropelos à tradição, à praxis e, até, à inteligência.
É certo que, pontualmente, ainda se verificam honrosas e corajosas tentativas de inverter a situação (ou pelo menos tentar criar um rumo), mas numa cidade desta dimensão, onde se promoveu a cultura de burgo e enclave (ao contrário do Porto, por exemplo), as poucas excepções existentes são fugazes e insuficientes para se sobreporem àquilo que acontece um pouco por toda a cidade à beira Tejo deitada.
O esforço que se reconhece a algumas tunas lisboetas contribuíu, ao menos, para a existência de alguns oásis que assumem o papel de excepção, mas manifestamente insuficientes numa academia cujos seus protagonistas viveram tempo demais de costas voltadas, fechados em si mesmos, enquanto reclamavam para si o direito e sapiência de fazer como bem lhes dava na tóla.

Não é costume ver muita gente trajada, não com a frequência e normalidade de outras cidades. Por aqui, traja-se por festa, para cumprir calendário. Por aqui, traja-se mal, muitíssimo mal.
Malas, pastas e pastinhas (a tiracolo ou não), de mil cores e feitos, com capa e batina é "pão nosso de cada dia", saias que parecem cintos, sapatos que já vi de cor castanha ou sapatilhas pretas a combinar; p'ins em ambas as lapelas (que em muitos casos deixam de se ver, tal a quantidade de medalhas e condecorações).
Isto, quanto a estupidez humana não nos faz a afronta de considerar Traje Académico um Kilt escocês - sim porque até disto há por estas paragens.

Extraordinário, também, é assistir à "Benção das Pastas" na cidade universitária.
Esta gente nunca deve ter ouvido falar no que é a "Pasta da Praxe". Agora temos modelos do mais requintado estilo, como capas de duas abas apenas, que servem somente para lá ter fitas. Pastas que não são mais do que meras capas pretas, com logótipo estampado e fitas que são quantas se quiserem (chega a ser 1 fita por pessoa, pois já me deparei na situação de assinar uma nessas condições).
Pessoas à futrica com "pasta" e fitas, mal trajadas.............. uma caldeirada de ignorância, desrespeito e palhaçada autêntica que só denigrem a imagem que alguns ainda tentam construir para a Lisboa Académica.

Sim, porque há excepções, há quem cumpra, há quem tenha dois dedos de testa, espelho em casa e alguma educação e bom-senso.

Enquanto os vários organismos de praxe (ou pelo menos um grupo representativo), não der o primeiro passo rumo ao entendimento, acerto de critérios....... rumo a um código (que legisle os aspectos essenciais e basilares, pelo menos, comuns a todos, como o caso do traje, insígnias, entre outros), qualquer esforço será vão pela força dos números, pela mentalidade que impera, porque ninguém quer ceder nem coloca o bem comum acima das suas egoísticas pretensões de protagonismo.

Lisboa teria tudo para singrar como urbe académica, tem tudo para tal.
Conheci alguns estudantes, ligados à praxis, que tinham o desejo de fazer algo.
Pois que o façam. Terão de começar por algum lado, com poucos, mas trilhando caminho seguro. Mas tudo passará, antes de mais, pela formação. Pelo que apurei, e das conversas que mantive, o cerne da questão está numa total falta de saber e conhecimento sobre praxis, história, tradição. Chega a ser assustadora a falta de conhecimentos básicos nessa área.
É tarefa para alguns anos, mas há que ter a coragem de semear e ir preparando outros para cuidar, cultivar e, depois, todos poderem colher os frutos.

Enquanto as manifestações académicas puserem a tónica em concertos, festarolas e mega-eventos desse tipo, nada se conseguirá, pois a praxe, para crescer, não pode, nem deve, comer no mesmo prato que o interesse comercial ou do associativismo afunilado.
à custa do expediente Praxe, se construíu toda uma indústria "académica" que usa, e abusa, da tradição para ganhar o seu, promover o "fogo de vista", afogando qualquer inquietude ou descontentamento em muitas promoções e diversidade de "consumíveis" etílicos.
Haja festa para manter o pessoal na sesta, parece-me ser, nesta cidade, mais evidente 8pois infelizmente, é cada vez mais comum por este país fora).

A analogia da situação da praxis nesta cidade olissiponense com a da comunidade tunante torna-se muito similar, se virmos bem.