quarta-feira, 24 de abril de 2013

Notas às Récitas dos Quintanistas de Coimbra

Um costume muito difundido no final do séc. XIX prendia-se com a realização de récitas por parte dos estudante finalistas da Universidade de Coimbra, as quais saíam fora de portas e se realizavam em inúmeras vilas e cidades "limítrofes".

O facto de alguns destes grupos serem muita vezes denominados por "troupes académicas" (nome que também podia ser usado para significar Tunas), levou, em alguns casos, a alguns pequenos equívocos. Nada a ver, contudo, com a noção "praxística" de "Trupe".

Estas "troupes" (nome que vem do francês e significa grupo, sendo muito comum o seu uso para designar grupos ou companhias de teatro ou de artes circenses) eram grandes comitivas que se dedicavam essencialmente a representações cénicas (grupos dramáticos), embora também se fizessem acompanhar por músicos, nomeadamente para entoarem uns quantos fados.

Os estudantes eram recebidos como se de embaixadas oficiais se tratasse, como pompa e circunstância, váriso anúncios prévios nos jornais a anunciar a sua vindae programa, com as autoridades presentes, muitos discursos, oferendas.......

Estas récitas permitiam aos estudantes amealharem mais uns tostões para suas despesas, embora existam muitos relatos a darem conta de saraus, matinées e récitas com fins puramente caritativos, como sucedia na maioria dos espectáculos em que participavam estudantes.

Encontrei dezenas de referências a estas récitas que os estudantes, nomeadamente os de Direito, vinham fazer a Viseu (eram também muitos os viseenses a cursar Coimbra e, entre eles, o maior de todos, Augusto Hilário), mas também a saraus de caridade ou representações em altura de carnaval ou de férias escolares.
Mas não apenas Viseu, pois também outras vilas do distrito recebiam a visita destes estudantes que, nessa altura, faziam autênticas tournées pelas localidades mais próximas de Coimbra (como é o caso da Figueira), chegadno mesmo algumas a serem apresentadas, por exemplo, no Coliseu de Lisboa.

De referir, igualmente, como aliás um dos excertos comprova, que os próprios estudantes d eliceu promoviam récitas, igualmente aplaudidas e reconhecidas como tradição estudantil transversal.

Aqui ficam alguns artigos a darem conta dessas récitas e no que consistiam:


 Jornal O Commercio de Vizeu, de 10 Maio de 1888, III Anno, Nº 191



Jornal O Commercio de Vizeu, de17 Maio de 1888, III Anno, Nº 193



 Jornal O comércio de Viseu, 01 de Junho de 1893, VII Anno, Nº 718



 Jornal O comércio de Viseu, 25de  Janeiro de 1894, VIII Anno, Nº 786



 Ilustração Portugueza, 1ª Ano, Nº 23, de 11 de Abril de 1904, p. 359 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).







Illustração Portugueza, II Série, Nº 329, de 10 de Junho de 1912, pp. 745-748 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).





Illustração Portugueza, II Série, Nº 330, de 17 de Junho de 1912, p.799 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).




Notas aos Quintanistas de Coimbra

Como demos conta no artigo anterior, os quintanistas de Coimbra tinha profusa actividade cultural e artística.
Mas não apenas em bem preparadas récitas, que se tornaram famosas pela sua qualidade, mas também noutras iniciativas.
Chegar a quintanista era chegar au auge da carreira estudantil e, para gaúdio das populações, poder gozar de algumas liberdades que o estatuto de "estudante mais velho" possibilitava, já que era um ano onde era praticamente adquirido o facto de receberem o grau (como dizem alguns estudiosos, o último ano era já um "passeio"), pelo que com mais tempo, e menos pressão nos estudos, para poderem preparar diversas manifestações artísticas e culturais.

Aqui fica uma iniciativa ocorrida em 1888.




 Jornal O Commercio de Vizeu, de 03 Junho de 1888, III Anno, Nº 198

A Praxe das Bestas e os Imbecis da Praxe

ERGONHOSO QUE TAL SEJA PASSADO COMO PRAXE, QUANDO DE PRAXE NADA TEM.
OS PRAXISTAS QUE PROMOVEM ISTO, E CALOIROS QUE SE PRESTAM A TAL, NÃO PASSAM DE UMA CAMBADA DE IMBECIS E OS VERDADEIROS ANTI-PRAXE DESTE PAÍS! UM EXEMPLO TIPO DO ENSINO "INFERIOR" QUE TEMOS..

E AINDA SE ORGULHAM DA SUA ESTUPIDEZ AO METEREM NO YOUTUBE!!!!


















ESTA É TÃO PORCA E IMUNDA, TÃO ABJECTA E NOJENTA QUANTO QUEM PRATICA E QUEM PERMITE.





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Estes são apenas alguns exemplos de anos anteriores.
O Youtube está pejado de vídeos com esse tipo de conteúdo: filmagens de supostas "praxes" que ocorrem de norte a sul do país.
Que possam estes casos servir de exemplo e alerta, para que não se venham a repetir já este ano.

Entretanto, a famosa "curta" sobre Praxe ("Praxis" de Bruno Moraes Cabral, premiado no doclisboa 2011) também ilustra outro lado deplorável das praxes: à falta de educação e decoro, o palavrão gratuito, o gesto obsceno sem motivo, numa clara mostra de quão rascas são certos praxeiros.


Notas a uma Serenata a sério



É claro e sabido que, por Lisboa, aquilo a que alguns têm a distinta lata de chamar Serenata Monumental, que abre os festejos da Semana Académica (vulgo Queima das Fitas)  na capital é tudo menos Serenata, é tudo menos tradição, é tudo menos adequado, sendo que só se lamenta o facto de algumas tunas se prestarem a esse papel e ao circo que esse dito "evento".

Mas as coisas não têm de ser sempre cinzentas, nem Lisboa tem de ser um caso sempre perdido no que respeita a respeitar a Tradição e a Praxe.

Tanto assim é que, de há uns anos a esta parte, o IST tem liderado uma verdadeira renovação de mentalidades no desejo de bem fazer, no estrito respeito por aquilo que é tradição, de facto, desfazendo-se de tudo quando são acessórios circenses, práticas sem nexo ou conceitos sem fundamentação (mitos, invenções...).

Desta feita, o IST, através do organismo que tutela a sua praxis, mostra, mais uma vez, como se faz, e bem, uma Serenata Monumental (a 1ª, porventura, de facto, em Lisboa), provando que excelência e qualidade não estão forçosamente arredadas das práticas estudantis.
Parabéns ao MCP do IST, na pessoa do seu Dux-Veteranorum, e aos seus estudantes.

Assim é que se promove e dignifica a Praxe.



Notas a um livro sobre Praxe


O insígne historiador António M. Nunes, porventura o maior especialista da actualidade em idumentária e insígnias académicas, bem como sobre tradições estudantis, acaba de publicar o seu mais recente trabalho:

Identidade(s) e moda.

Percursos contemporâneos da capa e batina e das insígnias dos conimbricenses 

(clique no título para aceder ao link)

 
 
 
O livro pode ser encomendado em formato normal (22€) ou comprado em versão E-book (10€) na editora Bubok.

Mais um trabalho que ´permitirá conhecer melhor as tradições e a evolução da praxiologia académica, nomeadamente a da sociedade estudantil conimbricense.

Parabéns pela inicitativa.

Notas ao Novo Código de Praxe do ISCSP

Código disponível AQUI



Lamentavelmente, criaram restrições que são, essas sim, anti- Praxe, que vão contra a Tradição e para as quais não há precedente histórico.
 Começo por citar o seguinte, do Artº 3º, “Está vinculado ao Código de Praxe todo o aluno matriculado no ISCSP.” E isso merecia revisão, porque só está vinculado quem adere à Praxe e não quem se matricula no ISCSP, porque quem o faz apenas está sujeito aos regulamentos institucionais decretados pela instituição em causa.

 Analisemos, pois, o referente ao Traje e relacionados com ele:

1º Não podem negar o uso do traje a um caloiro. O Traçar da capa não marca, nem deve marcar (porque nunca o foi) o início do seu uso por parte de caloiros, na base de que só nessa altura o pode vestir; e, por favor ,não venham com aquele argumento de que só pode traçar a capa se o padrinho primeiro lha tiver traçado.

2º Em tempo algum as colheres de café são adornos a colocar na gravata. Isso nada tem de Praxe, nem sequer significado algum. E quando dizem que deve ser roubada, estão a atentar ao bom nome da Praxe e civismo (e isso é anti-Praxe).

3º Não podem determinar nº ímpar seja onde for, especialmente em peças de vestuário. Isso nunca foi Praxe. Em sapatos não existem buracos ímpares para atacadores sequer. Também não é da Praxe (embora a etiqueta preveja tal, mas não em Praxe) determinar que não se aperta o último botão do colete. Se ele existe é para ser apertado.

E essa de só se poder apertar o último botão da batina se for casado não tem lógica nenhuma. Bastaria relembrar que em cerimónias fúnebres ou solenes que o exigem, a batina deve estar totalmente apertada, seja casado ou solteiro.

4º O barrete da Praxe, como lhe chamam (não é da Praxe, é apenas um barrete) não é, nem nunca foi, símbolo de veterania. Pode ser usado por quem quiser, caloiro ou veterano.

5º Em tempo algum a colocação de emblemas determina a obrigatoriedade ou determina a colocação do emblema da terra da mãe ou do pai. Isso não tem fundamentação.

6º Não é da Praxe a capa não poder estar afastada mais que X passos ou metros. Papismos não, por favor! Se tiver que estar está. Não é por isso que se deixa de estar na Praxe. O importante é estar devidamente trajado nos eventos e cerimónias onde tal é imperativo e obrigatório. Fora isso, meus caros, não é do foro do código. Um médico não tem de ter bata branca quando está no restaurante a almoçar ou mal acaba de entrar no parking do hospital.

7º A forma de dobrar a capa não compete ao código, mas é do foro pessoal. Usa-se ao ombro, no braço, à cintura…..como bem quisermos. Apenas se estipula, aí sim, para certos momentos (ritos, cerimónias….) quando deve estar descaída, abotoada ou quejandos. Há alturas onde é protocolo usar-se de determinada maneira, mas fora isso...... é do foro pessoal.

Outras observações, porque contemplam erros grosseiros:

 O Artº 6º

a) determina erradamente o “anti-praxe”, porque se o é, não pode haver regulamento sobre ele. Não pode um código de Praxe legislar sobre o que/ou quem está fora da mesma.
 b) Do mesmo modo, não se pode impedir ninguém de subir na hierarquia, porque ela não depende dos organismos de Praxe, mas do ano em que se está matriculado (é assunto da instituição). É em 1919, em Coimbra (e logo depois Lisboa e Porto) que a Queima das Fitas, se torna momento da “subida de grau” na hierarquia praxística e, a partir daí, a hierarquia da Praxe assume paralelismo com o ano frequentado (antes não havia graus hierárquicos como hoje, nem Dux ou organismos de praxe, apenas o de novato/caloiro e veterano). Significa que a Praxe respeita e acompanha o percurso académico/escolar, por isso contempla os ritos conforme o ano em que se está matriculado e não pelo nº de matrículas. Simples de perceber, não?
 Assim, o que legislam carece de fundamento.
c) também não tem fundamentação alguma “obrigarem” quem vem de outra instituição a ser “novamente” caloiro, e a ter de pedir equivalência das suas matrículas (e se o fizesse não era a um tribunal de praxe, que diabo, mas ao Conselho de Veteranos, por se tratar de questão “administrativa”).
Ainda assim, dizer que enhum organismo ou código de Praxe tem legitimidade para tal, apenas e só a secretaria da instituição e o Ministério da Educação (Ensino Superior). Ora o facto é que um aluno que já frequentou outra instituição não é caloiro e tem matrícula reconhecida nessa instituição e pelo ministério da tutela. E não creio que o ISCSP tenha anulado essa anterior matrícula.

A tradição reconhece qualquer matrícula, e a hierarquia da Praxe baseia-se precisamente em tal (primeiranistas/caloiros, segundanistas, terceiranistas… - vulgarmente designados de “doutores”, e, depois os veteranos, grosso modo). O que deveriam ter contemplado era um período de “limbo” para esses alunos que vêm de fora, em que não são praxados (nem deve), mas também não praxam, aproveitando esse tempo para se inteirar das regras e modo de funcionamento. Isso sim é Praxe e é integrar.
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Depois seria bom repensarem essa coisa do “anti-praxe”, porque me parece que não sabem sequer o que é. Um anti-Praxe é quem está contra toda a cultura académica (cortejos, queima, serenata, latada, traje, insígnias, bênção das pastas) e não especificamente contra as praxes. Aspraxes não são a Praxe e custa-me a crer que exista alguém que seja determinantemente contra a Queima, cortejo, Serenata, imposição de insígnias….!!!!!!
Se alguém se recusar a ser praxado é declarado (ou obrigado a declarar-se) anti-praxe? Se sim, está mal e é o próprio código que é anti-Praxe, porque nem salvaguarda o direito que cada um tem de aderir livremente, quando bem entender.
Ora quem se recusa a ser praxado, não é, nem nunca deve ser, considerado “anti-praxe”, mas antes anti-praxeS (o que é diferente). E quando vemos certos abusos ou brincadeiras sem nexo, é até inteligente recusar-se. Ora quando há abusos quem é anti-Praxe, afinal?
 
Pena que neste código não haja uma palavra quanto à limitação do que é admissível nas praxes ou sobre as sanções de quem abusa em seu nome.
Não é por se recusar a ser praxado que um estudante pode ser impedido de estar na Praxe, trajar, ter insígnias ou participar no resto; ou para queimar o grelo é preciso ter ido à serenata; que para ir ao cortejo é preciso ter queimado o grelo. Para participar nos eventos da Praxe não há precedências, meus caros.
Está na Praxe quem quiser, e quando quiser, desde que, para cada momento, cumpra o que o protocolo e etiqueta determinam para cada situação. Só vou à serenata se quiser, só uso insígnias se quiser, só vou ao cotejo se me apetecer. A escolha é de cada um, mas se for, tenho se saber estar e cumprir o que para esse momento está legislado.
Ser praxado não é obrigatório para estar na Praxe, apenas e só respeitar o preceituado para cada rito ou cerimónia. As praxes não são recruta, meus caros.

Termino dizendo que é pena que seja mais um código em que 90% é sobre caloiros,  tribunais de Praxe e quejandos e não para explicar o porquê das coisas, nem sobre traje, nem sobre as cerimónias, nem sobre as relações hierárquicas; que o código apenas determine na base do “porque sim”. Ora um código não se legitima porque um grupo de pessoas inventa regras ou copia outros códigos sem procurar o que é genuíno e verdadeiramente Tradição.

Desculpem o chá, mas a quantidade de erros que enunciei não podiam passar sem este meu comentário que visa apenas alertar e ajudar, se tiverem a gentileza e boa vontade de aceitar o reparo.  
Abraço

Os Mitos da Praxe - Das origens aos equívocos

 



Evento no Facebook

Tradição;
Praxe e suas origens;.
A Queima das Fitas (origens e evolução);
Traje (origem, evolução....) e apêndices (emblemas, pins, relógios, rasgões, dobras, nº ímpar.....);
Fitas e pasta da Praxe, "insígnias" de finalista (o que são e de onde vêm);
Grito académico, FRA;
Traçar da capa (equívocos);
......................






Notas sobre a Mocidade Portuguesa e a Praxe.


Em 2008, Joaquim Vieira lançou uma obra de enorme valia, editada pela Esfera dos Livros, sob o título Mocidade Portuguesa, na qual encontrei alguns apontamentos muito interssantes sobre a forma como as tradições académicas e o uso da capa e batina eram vistas por certos sectores do Estado Novo, nomeadamente pelos que tinham por missão doutrinar os muitos milhares de jovens e crianças desta organização, misto de escutismo e falange para-militar (embora menos radical que a Juventude Hitleriana, mesmo se comungando de muitos dos mesmos princípios educativos).

Nessa obra, nas páginas 140, 149, respectivamente,  damos de caras com  algumas bandas desenhadas que, em breves episódios, que quinzenalmente preenchiam o Jornal da MP, tratam de forma depreciativa os estudantes que teimavam em usar capa e batina.
Uma mordaz propaganda anti-tradições académicas, promovida pelos dirigentes da Moçidade Portuguesa,  a qual via com maus olhos a Praxe e as tradições estudantis universitárias, de que o traje era expressão mais visível.

Já na página 231 dessa obra magnífica, temos um cartoon que ilustra o quão inconformada está a academia de Coimbra com a politização da juventude (neste caso contra os jovens mais próximos do PCP).

A seu tempo, o N&M irá investigar as várias publicações do Jornal da MP (e toda a imprensa que em torno da organização existiu), procurando trazer-vos mais uns quantos exemplos e documentos históricos, os quais vêm, de certa forma, desfazer um enorme equívocos que se gerou na sociedade portuguesa: de que quem trajava capa e batina com isso exprimia a sua simpatia e adesão ao regime, coisa que, como podemos verificar, não corresponde à verdade.


  O "Caspa e Batina" - Jornal da MP da 1ª série, 1938, p.4







 O "Caspa e Batina" - Jornal da MP, Nº 1, Ano 1, de  01 Dezembro 1937, p.2





Cartoon de Júlio Gil contra a MUD Juvenil 
(Movimento Unidade Democrática), em 1947.








Notas Históricas - Batalhão Académico.

Retirado da Gazeta de Lisboa, um artigo que reproduz a carta enviada pelo príncipe regente, D. João VI (Filho de D. Maria I e de D. Pedro III, e cujo filho é D.Pedro I, imperador do Brasil) , monarca que viria a governar Portugal entre 1816 e 1826.

O artigo é dirigido ao corpo da Universidade de Coimbra, agradecendo o empenho dos académicos (docente e alunos, assim como populares) que se alistaram no exército português (formando o Batalhão Académico) desde a 1ª invasão francesa (guerra peninsular) e que continuam aguerridos na luta contra as tropas napoleónicas.
Estamos em plena 3ª  invasão francesa (1810), então sob comando do marechal Masséna, que será rechaçada em Setembro (Batalha do Buçaco) e Outubro (Batalha da Linha de Torres).



Gazeta de Lisboa, nº 31, de 5 Fevereiro de 1810, p.4


Tapeçaria de Portalegre (1961) que se encontra no Tribunal da Figueira da Foz, ilustrando o Batalhão Académico de 1808. Ao centro temos o  sargento Zagalo fardado  e, à sua volta,  os estudantes e populares dos dois lados. Em segundo plano, podemso vislumbrar a Torre da Universidade, o castelo de Montemor e o Forte de Santa Catarina na Figueira da Foz, este com a bandeira francesa.




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NOTA I: Não confundir com outro Batalhão Académico, formado em 1919 com estudantes da Universidade e do Liceu para combater pela República contra sublevação monárquica. Revolta ocorrida na cidade do Porto, a 19 de Janeiro de 1919,  pelas juntas militares favoráveis à restauração da monarquia em Portugal, e na qual se destacava a figura do famoso Paiva Couceiro.

 Illustração Portugueza, II Série, Nº 678, de 17 Fevereiro de 1919, p. 125 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)




Também em Lisboa existiu um Batalhão do mesmo género:







  Illustração Portugueza, II Série, Nº 688, de 05 Maio de 1919, p. 347 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)


NOTA II: O Palácio de Santa Cruz, mencionado no artigo, fica no Brasil (onde o príncipe estava ainda exilado), nos arrabaldes do Rio de Janeiro.


Ver também: http://dererummundi.blogspot.pt/2008/07/o-batalho-acadmico-de-1808.html




Notas às Orais de Prache; Praxe, WTF?

 


Depois de aqui termos abordado e explicado que só se é caloiro uma vez, e que não há o mínimo fundamento para andarem por aí a “reconhecer matrículas” [a Praxe não tem essa competência; apenas e só as instituições de ensino], vamos agora fazer um breve comentário a algo que, de tão absurdo (não encontramos adjectivo mais brando), merece que nos questionemos sobre se merece tempo de antena neste blogue...
Aparentemente, surgiu mais uma moda [a Praxe parece, actualmente, uma sucessão de modas estapafúrdias e sem nexo]: as “ORAIS NA PRAXE”.

Muitos leitores terão acabado de ficar de boca aberta e queixo descaído, tal como nós, naquela espécie de gargalhada congelada, própria do sentimento de perplexidade/incredulidade [e que os norte-americanos tão expressivamente transmitem através da sugestiva expressão “What the fuck...?”], quando nos deparámos com essa “modalidade” avaliativa em Praxe...
Parece que, em algumas instituições, os organismos de prache e certos pracheiros (com “Ch” para não sujar o nome Praxe, com X), tiveram a “originalidade” de fazer exames orais, para aferir se os caloiros estavam em condições de subir na hierarquia - esquecendo esses ignaros [não encontrámos nome mais brando...] que a passagem entre graus hierárquicos em Praxe é automática, não sendo necessário prestar quaisquer provas, apresentar passaportes, constar de listas de chamadas ou folhas de presenças em “actividades de prache”.
Recordávamso AQUI um texto que publicámos, precisamente a parodiar aqueles pracheiros que, embora nada saibam de coisa nenhuma, julgam, do alto do seu autismo, que sabedoria é proporcional ao seu nº de matrículas ou hierarquia praxística.

Se ainda fosse só a caloiros... seria menos absurdo. No entanto, começam a chegar notícias de que a prática está a estender-se a todos os graus hierárquicos...
A praxe não é uma espécie de recruta da tropa. Não é preciso ser praxado para estar em Praxe. Mas por mais que se diga e explique, há sempre quem prefira viver nos delírios da própria ignorância.
Se há “orais”, deverá haver matérias, currículo, conteúdos e aulas...
Perguntamos nós, então, o seguinte:
  1. Que aulas e matérias específicas foram leccionadas aos caloiros, para serem avaliados?
  2. O que consta do programa curricular?
  3. Quem deu essas “formações/informações” e que formação tem quem “ensinou” a dita Praxe?
  4. Existem sebentas ou o saber confina-se a decorar o código de “prache” local?
  5. Que tipos de questões constam dessa prova oral e quais os critérios de avaliação/correcção?
  6. Quem “chumbar” na oral fica retido no grau de caloiro?
  7. (esta pergunta surgirá no final...)

Parece anedota, mas a verdade é que, em algumas casas, há gente que se presta a esse exercício ridículo, onde rotos questionam esfarrapados, onde o burro velho quer aferir se (e até que ponto) conseguiu ensinar o caloiro a ornear. Quer-nos mais parecer que deve ser uma coisa assim a modos de câmara de eco (os burros perguntam, os asnos praxam e os jumentos aplaudem) ....

É que, mediante o que apurámos, esse tipo de “brincadeira” não serve para mais do que hierarquizar a ignorância, o que não apenas é ridículo, como, em Praxe, não tem nenhuma razão de ser.
Em prache, terá. Em Praxe,não.

E eis então a pergunta final – a million-dollar question:
Os que vêm agora propor as “orais” foram eles próprios sujeitos a exame oral?...

Orais em Praxe?... Esta vai directa para os anais! E a sangue-frio.
Santa Paciência, ora pro nobis!

Notas de bronze a Medalhas Académicas

 

Uma colecção que o N&M finalmente tem em sua posse e que retrata aspectos da vida académica, sob o título "Tradições Académicas de Coimbra".
Um conjunto de 5 medalhas de bronze, do famoso escultor Cabral Antunes[1].

As 5 Medalhas ilustram os seguintes momentos/actos académicos:

- Trupe;
- Serenata (feita à tricana);
- Queima das Fitas;
- Formatura - e aqui é interessante ver que se trata de um estudante que acabou de passar pelo rasganço – daí que a medalha até se poderia chamar “Rasganço”;
- Doutoramento.

No verso de cada medalha, junto com a iconografia, temos frases bem conhecidas do imaginário estudantil, excepto a medalha respeitante ao doutoramento, onde apenas existe a menção à imagem existente, a saber “Sala dos Capelos.













 Em próximo artigo, traremos outras medalhas evocativas das tradições académicas que o N&M conseguiu adquirir para o seu espólio.



[1] Cabral Antunes (1916-1986) escultor coimbrão, com particular destaque na medalhística, com inúmeras medalhas produzidas para o país e para o estrangeiro, e também autor de várias estátuas e bustos, alguns presentes na cidade de Coimbra, tais como o Monumento aos Heróis do Ultramar, a Estátua de João Paulo II, o Busto de António José de Almeida e Busto de Camilo Pessanha.