quarta-feira, 24 de abril de 2013

Notas jornalísticas aos Estudiantes de Coimbra (1936)

No periódico "Estampa, consultado na Biblioteca Nacional de España, encontrámos um artigo deveras interessante sobre os estudantes de Coimbra e suas tradições.

Uma visão sobre a praxis académica vista pelos nuestros hermanos.


O artigo começa desde logo por referir, entre outros actos próprios ao início do ano lectivo, o facto dos ritos de recepção ao caloiro terem sido há já uns anos humanizados, para depois descrever, grosso modo, o quotidiano estudantil que se situa entre o rigor académico e a boémia, os ritos, as repúblicas, as belas damas, festa das fitas, tricanas, serenatas, sem ignorar a presença das mulheres como estudantes, rompendo séculos de exclusividade masculina.



                          Estampa, Ano 9, nº 437, 30 Maio 1936 - Madrid, pp11-13. (Biblioteca Nacional de España)


De notar a legenda as imagens da página 13, onde se dá conta, na primeira imagem, da protecção dada pelo padrinho do caloiro (concedendo imunidade à saída das aulas), com recurso não à capa, mas à pasta. O caloiro, note-se bem, está trajado, como é tradição.

Na segunda imagem temos os finalistas, dizendo o artigo que o nº de fitas da pasta corresponde aos anos de curso.

Finalmente, a última imagem mostra uma tonsura (rapanço) a um caloiro apanhado fora de horas.


Assim era descrita a Coimbra de 1936.

Notas à Queima das Fitas de Lisboa

Hoje chamam-lhe "Semana Académica" (1ª edição realizada em 1985, e organizada pelos alunos da FCMUNL, FDUL, FEUNL, FFUL, FMUL, ISA, ISCSP e IST), como aliás assim é chamada a Queima em muitas outras academias, mas sempre foi conhecida na capital por Queima das Fitas.


Com efeito existia já uma tradição antes de lhe chamarem Semana Académica,  uma tradição com nome (a Queima, em Lisboa, terá origem no ano de 1923) e com a sua praxis, daí que, se concedemos que em urbes onde não havia nenhuma, quiseram evitar a designação "Queima das Fitas" (pois inicialmente nem praxis existiria, nem fitas haveria para queimar), já neste caso se pergunta por que se fez tábua rasa do que existia.
Mais uma vez, estamos em crer que por simples desconhecimento.



 1ª Queima das Fitas de Lisboa (ocorrida a 26 Maio)
Ilustração Portuguesa, 2ª Série, Nº 902, de 2 de Junho de 1923, p. 686 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)





Seja como for, apenas trazer à tona alguns ecos fotográficos,  de 1936 (3 clichés) e 1939, que nos recordam (e devem servir para consciencializar os estudantes da academia de Lisboa) que na  Olissipo há  um legado à espera de ser (re)descoberto, sendo por isso escusadas tantas invenções em termos de praxis e tradições.

 Arquivo Municipal de Lisboa  - PT/AMLSB/EFC/000139

Arquivo Municipal de Lisboa - PT/AMLSB/EFC/000140 


Arquivo Municipal de Lisboa - PT/AMLSB/EFC/000143

De notar, neste último documento, que o grupo de alunas não estão trajadas, dado ainda não haver um traje transversalmente reconhecido em Lisboa e/ou no país (tal sucederia apenas a partir do ano seguinte, 1940). Até bem tarde, contudo, as raparigas, como em Coimbra, aliás,  tinham privilégio do uso de pasta com fitas e capa preta sem uniforme.
Ilustração, 14º Ano, Nº 323 , de 01 Junho de 1939, p.14 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).












Notas jornalísticas a Coimbra e sua Boémia

 

Ilustração, Ano 6, Nº 141, de 01 Novembro de 1931, p.22 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas de Imprensa à Greve Académica de 1907

O N&M já tinha dado conta de alguns informes sobre a crise académica de 1907 (ver AQUI) - que teve lugar nos meses de Março e Abril, complementando-os, agora, com alguns artigos publicados na época.

Sem estarmos a querer alongar-nos, apenas referir que esta greve teve como rastilho um incidente relativo ao chumbo de um aluno, sendo tal pretexto para o eclodir de velhas reivindicações, numa academia politizada, é certo, mas que, antes de mais, ansiava por reformas e progresso.

Os clichés constantes permitem-nos, igualmente, apreciar o traje estudantil em uso nos liceus, escolas superiores e universidade (já que a greve não se confinou a Coimbra).




Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 55, de 11 Março de 1907, pp. 294-296 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).








  Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 66, de 15 Abril de 1907, p.450 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).











 Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 61, de 22 Abril de 1907, p.505 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).





Notas às Récitas dos Quintanistas de Lisboa

 


Embora não sejam propriamente parte da Queima (como cerimonial), não deixam de ser, também elas, expressão ligada aos festejos de final de curso/ano.

Já aqui tivemos oportunidade de falar (ver AQUI) das récitas dos estudantes de Coimbra (que estes levavam até outras localidades e cidades), que terão inspirado (como em tantas outras ocasiões) mais esta forma de exercício da cidadania académica.
Representações, música, números de variedades, poesia...... em espectáculos levados pro vezes bem longe, tanto quanto a fama, e sucesso, do programa apresentado.

Desta feita, aqui deixamos algumas fotos que ilustram estas actividades culturais e lúdicas, que eram tão do agrado das populações (e dos próprios).




 Ilustração, 8º Ano, Nº 9 (177), de 01 Maio 1933, p.25 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)



  Ilustração, 11º Ano, Nº 248 , de 16 Abril de 1936, p.25 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas ao percurso de um Bacharel de Coimbra

Um artigo que nos dá conta do percurso académico de um estudante em Coimbra (até se fazer bacharel - curso de 4 anos), as praxes, o estudo,...... um retrato muito interessante sobre a praxis na primeira década do séc. XX.

De notar que este artigo é acompanhado de imagens preciosas (forma de trajar, a pasta e fitas...), realçando-se uma que julgo profundamente importante: a trupe; pois são raros os clichés sobre este tipo de grupos.





Illustração Portugueza, II Série, Nº 302, de 04 Dezembro 1911, pp.710-713 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).


Terminamos este artigo, recorrendo à citação transcrita por João Baeta (a quem desde já agradeço):

"SAUDADES DE COIMBRA
Dizem-me, porém, que apezar de tudo, apezar da frivolidade pautada dos dias da Coimbra academica d'hoje, terei saudades
d'estes dias. Ter saudades de Coimbra é para o bacharel um tributo tão obrígatorio como o pagamento da congrua para o cidadão inscripto na matriz. Seria menos attentatorio dos nossos preceitos sociaes visitar alguém em chinellos, do que sahir de Coimbra sem a alma retorcida de saudades.
Póde representar torturas, difficuldades monetarias ou inteIlectuaes de toda a especie a conquista da bacharelice. EIIa póde equivaler a um numero sem fim de humilhações, de desalentos, de anciedades, de faltas d'ar e de confôrto, de revoltas e de desdens. Mas conduido o quinto anno, preparadas as malas, o bacharel observador dos bons costumes começa a desdobrar o lenço para enchugar lagrima. E enchuga a lagrirna ao chegar á Estação-Velha, ao perder de vista a silhueta ondulada da cidade, ao entrar na terra abraçado por parentes e amigos. E a todos assevera, os olhos humidos em alvo, a voz rouca da commoção, a mão espalmada sob peito:
- Ai, aquillo sim, meninos! Vida como aquella não torna!... "
 
SOUSA COSTA: 191?; 218/219

Notas de Meio Século de Vida Coimbrã

Um extenso artigo de 1906 que retrospectiva Coimbra, publicado sob o título  "Meio Século de Vida Coimbrã", onde surgem diversos testemunhos que nos transportam ao interior de uma Coimbra tradicionalistas, a Coimbra do romantismo e cavalheirismo, sita nos anos de 1860-70.


Para quem tiver vagar de ler, vale a pena.











Ilustração Portugueza, II Série, Nº 22, de 23 de Julho de 1906, pp.685-695 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas à Vida de Coimbra

 Como a própria reportagem refere, tratam-se de "episódios da vida e da paizagem de Coimbra".

Ainda se consegue vislumbrar bem que o traje dos estudantes de Coimbra apresentava variantes, fosse nos coletes ou até no tipo de gravatas (que tanto eram pretas, como coloridas, às listas...).

Vale a pena recuar no tempo e revisitar a Coimbra de 1914.







                     Illustração Portuguesa, II Série, Nº 421, de 16 Março de 1914, pp.346-350 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)



terça-feira, 24 de abril de 2012

Notas sobre o Palito Métrico

 

...

Não devem ser poucos os que tropeçam nesta designação, mas não sabem do que se trata.
Grosso modo, aqui fica uma breve síntese do que é:

"Palito Métrico" é uma colectânea de poemas, cartas e recomendações escritas em latim macarrônico, assinado por Antonio Duarte Ferrão, pseudónimo atribuído a um presbítero secular, o padre João da Silva Rebello (1710-1790), doutor em Teologia ou Cânones pela Universidade de Coimbra.

O autor dessa obra de referência para a comunidade académica, nasceu em 1710 no Sortam, lugar da freguesia do Vimeiro, concelho de Alcobaça.

Publicado pela primeira vez em 1746, o "Palito Métrico"teve inúmeras edições e funcionou durante largas décadas como breviário das praxes académicas de Coimbra. O título, aliás, baseia-se numa praxe antiga que obrigava os caloiros a medirem determinada distância com um palito…

É, assim, o antecessor do Código da Praxe de Coimbra.

O "Palito Métrico" está inserido numa obra mais vasta denominada "Macarronea Latino-Portugueza" que, além do "Palito", contém outras obras de diversos autores, todas escritas em latim macarrónico - umas em prosa, outras em verso.



Sobre o Palito Métrico recorda João Baeta o seguinte:

"As tradições e costumes escolares fôram recolhidos no Alcorão da praxe denominado Palito Métrico.
Como a da Biblia divina e a dos sagrados Veddhas, foi respeitada por cem gerações a auctoridade dos seus preceitos.
(…)
...

E toda a arruaça, toda a desordem, lá estava o Palito Métrico a rege-Ia com o despotismo theologico dum canon.
Ali se continham sabias disposições dogmáticas, uma liturgia de respeito, desenvolvida com largueza, conselhos a novatos, regras de moralidade académica, varios poemas em latim macarronico, narrativas, elegias, apologias, todo um corpo de doutrina para que veiu contribuindo, desde o seculo XVIII a graça anonyma das gerações coimbrãs.
O Palito Metrico é o riso aberto dos rapazes de outrora, riso vingativo da férula cathedrática, uma caricatura engraçadissima do viver escolar de Coimbra, no tempo em que havia mocidade
e alegria, já desde quando a cabra e o cabrão, do alto da torre do Paço, começaram a mandar para os ares, de manhã e á noite, o aviso e a ordem para começar o estudo, as horas tristes, como se dizia no tempo de nossos avós."

Coimbra Doutora” de Hipólito Raposo (1885-1953). Coimbra: F. França Amado, 1910 - Pág. 87/89
 
 

Para mais informações, e com maior detalhe, ler: http://penedosaudade.blogspot.pt/2011/09/palito-metrico-codigo-da-praxe-ou.html
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Notas ao Centenário do OUP

 




São 100 anos de história, e estórias mil.
O OUP será, porventura, a maior, e mais prestigiada instituição cultural/artística académica do país, a par com o orfeão Académico de Coimbra (e os Antigos Orfeonistas), a TAUC (como grémio associativo) e os Antigos Tunos da TAUC.

O OUP prestou ao país e aos estudantes, nomeadamente na região do Porto, um serviço benemérito e de valor inigualável.
Merece o respeito, justifica-se, até, a inveja de quem, como eu, nunca teve a sorte de pertencer a um organismo assim (pois nunca fui estudante do Porto).

No que concerne à comunidade tunante, bastaria apenas referir que é pela mão do OUP que se introduz em Portugal o conceito de Festival de Tunas, sendo o seu certame o mais antigo do país.
Já a sua Tuna, embora mais antiga que o Orfeão, foi, desde sempre, uma das suas mais prestigiadas facetas, sendo a TUP, a par com a TAUC e a Tuna do Liceu da Évora, as mais antigas agremiações tunantes académicas do país.

Entre muitos e muitos galardões, recebeu a  Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto, a Comenda da Ordem de Benemerência (assinalável esta distinção) e a Comenda da Ordem de Instrução Pública (pelo seu papel  na divulgação da cultura portuguesa junto das populações mais isoladas, bem como no estrangeiro). Poucos se podem gabar de tal, a sublinhar, precisamente, o impacto e o mérito do Orfeão, muitas vezes, e injustamente, esquecido, menorizado ou relativizado.


A actividade do OUP não se ficou pela simples performance artística per si, pois o seu altruismo, generosidade e sensibilidade pelo meio onde se inseria, levou a que muitas ambulâncias fossem compradas com o dinheiro angariado nos espectáculos, muitas igrejas ou instalações paroquiais fossem recuperadas, a um sem número de agremiações culturais pudessem ser  reestruturadas, reequipadas ou vissem realizado o sonho de uma nova sede.
Quantas gerações ali fizeram/iniciaram a sua formação artística , ali beberam valores e saberes que nenhum dinheiro paga, ali encontraram uma família de muitas gerações, de muitas histórias, de muitas glórias e passado ilustre?

Podem orgulhar-se todos os que contribuíram para estes 100 anos de história, tal como todos nós que apreciamos o trabalho bem feito e sabemos reconhecer o méritoa quem o tem, de facto, nos orgulhamos de ainda ter instituições neste país que produzem com qualidade, muitas vezes sem subsídios, sem apoios, e quase sempre na abnegação e gratuidade dos seus componentes.

Parabéns OUP!


Notas de destaque ao Museo Internacional del Estudiante

 <a href="http://4.bp.blogspot.com/_HTHkfEMxh1U/TSKhdFu9f7I/AAAAAAAAAx0/H0kiejPAUcc/s1600/Premios.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/_HTHkfEMxh1U/TSKhdFu9f7I/AAAAAAAAAx0/H0kiejPAUcc/s200/Premios.jpg" width="181" /></a><br /><br /><br />Merece especial&nbsp;destaque o <span style="font-family: &quot;Helvetica Neue&quot;, Arial, Helvetica, sans-serif;"><em><a href="http://www.museodelestudiante.com/Indice.htm" target="_blank">Museo Internacional del Estudiante</a></em></span> pelo facto de ter sido considerado o melhor Website de 2011,&nbsp;na <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">XIV edição dos Prémios Internet</span>, realizada este ano e promovida pela <em>Comunidade Iberoamericana de Associações de Utilizadores da Internet</em>.<br /><br /><br /><strong><a href="http://www.premiosdeinternet.org/index.php?body=ver_candidatura&amp;id_article=2133&amp;id_rubrique=4" target="_blank">Na categoria C1, para melhor website, logrou ser considerada o melhor</a></strong>, merecendo, por isso, as nossas mais efusivas congratulações para este mais que merecido reconhecimento pelo trabalho ímpar (e único) que realiza.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.museodelestudiante.com/PortadaPrincipalC.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="105" src="http://www.museodelestudiante.com/PortadaPrincipalC.gif" width="200" /></a></div>Maior a alegria pela amizade que liga este blogue (<a href="http://www.museodelestudiante.com/Organigrama.htm" target="_blank">colaborador oficial</a> do Museo Internacional del Estudiante) ao responsável do museu, <em><a href="http://www.facebook.com/#!/roberto.martinez.del.rio" target="_blank">Roberto Martinez del Río</a>.</em><br /><br /><em><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aupa MIE!</span></em>