quarta-feira, 24 de abril de 2013

Notas de bronze a Medalhas Académicas II

 



Mais um conjunto de 3 medalhas de bronze, recentemente adquiridas, retratando aspectos da vida académica.
Duas delas respeitantes à Queima das Fitas de Coimbra, dos anos de 1993 e 1994, e outra evocativa do curso de Direito da  extinta Universidade Livre do Porto[1]









[1] Que dará origem à Universidade Lusíada. O logótipo, aliás, é o mesmo.



Notas jornalísticas aos Estudiantes de Coimbra (1936)

No periódico "Estampa, consultado na Biblioteca Nacional de España, encontrámos um artigo deveras interessante sobre os estudantes de Coimbra e suas tradições.

Uma visão sobre a praxis académica vista pelos nuestros hermanos.


O artigo começa desde logo por referir, entre outros actos próprios ao início do ano lectivo, o facto dos ritos de recepção ao caloiro terem sido há já uns anos humanizados, para depois descrever, grosso modo, o quotidiano estudantil que se situa entre o rigor académico e a boémia, os ritos, as repúblicas, as belas damas, festa das fitas, tricanas, serenatas, sem ignorar a presença das mulheres como estudantes, rompendo séculos de exclusividade masculina.



                          Estampa, Ano 9, nº 437, 30 Maio 1936 - Madrid, pp11-13. (Biblioteca Nacional de España)


De notar a legenda as imagens da página 13, onde se dá conta, na primeira imagem, da protecção dada pelo padrinho do caloiro (concedendo imunidade à saída das aulas), com recurso não à capa, mas à pasta. O caloiro, note-se bem, está trajado, como é tradição.

Na segunda imagem temos os finalistas, dizendo o artigo que o nº de fitas da pasta corresponde aos anos de curso.

Finalmente, a última imagem mostra uma tonsura (rapanço) a um caloiro apanhado fora de horas.


Assim era descrita a Coimbra de 1936.

Notas à Queima das Fitas de Lisboa

Hoje chamam-lhe "Semana Académica" (1ª edição realizada em 1985, e organizada pelos alunos da FCMUNL, FDUL, FEUNL, FFUL, FMUL, ISA, ISCSP e IST), como aliás assim é chamada a Queima em muitas outras academias, mas sempre foi conhecida na capital por Queima das Fitas.


Com efeito existia já uma tradição antes de lhe chamarem Semana Académica,  uma tradição com nome (a Queima, em Lisboa, terá origem no ano de 1923) e com a sua praxis, daí que, se concedemos que em urbes onde não havia nenhuma, quiseram evitar a designação "Queima das Fitas" (pois inicialmente nem praxis existiria, nem fitas haveria para queimar), já neste caso se pergunta por que se fez tábua rasa do que existia.
Mais uma vez, estamos em crer que por simples desconhecimento.



 1ª Queima das Fitas de Lisboa (ocorrida a 26 Maio)
Ilustração Portuguesa, 2ª Série, Nº 902, de 2 de Junho de 1923, p. 686 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)





Seja como for, apenas trazer à tona alguns ecos fotográficos,  de 1936 (3 clichés) e 1939, que nos recordam (e devem servir para consciencializar os estudantes da academia de Lisboa) que na  Olissipo há  um legado à espera de ser (re)descoberto, sendo por isso escusadas tantas invenções em termos de praxis e tradições.

 Arquivo Municipal de Lisboa  - PT/AMLSB/EFC/000139

Arquivo Municipal de Lisboa - PT/AMLSB/EFC/000140 


Arquivo Municipal de Lisboa - PT/AMLSB/EFC/000143

De notar, neste último documento, que o grupo de alunas não estão trajadas, dado ainda não haver um traje transversalmente reconhecido em Lisboa e/ou no país (tal sucederia apenas a partir do ano seguinte, 1940). Até bem tarde, contudo, as raparigas, como em Coimbra, aliás,  tinham privilégio do uso de pasta com fitas e capa preta sem uniforme.
Ilustração, 14º Ano, Nº 323 , de 01 Junho de 1939, p.14 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).












Notas jornalísticas a Coimbra e sua Boémia

 

Ilustração, Ano 6, Nº 141, de 01 Novembro de 1931, p.22 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas de Imprensa à Greve Académica de 1907

O N&M já tinha dado conta de alguns informes sobre a crise académica de 1907 (ver AQUI) - que teve lugar nos meses de Março e Abril, complementando-os, agora, com alguns artigos publicados na época.

Sem estarmos a querer alongar-nos, apenas referir que esta greve teve como rastilho um incidente relativo ao chumbo de um aluno, sendo tal pretexto para o eclodir de velhas reivindicações, numa academia politizada, é certo, mas que, antes de mais, ansiava por reformas e progresso.

Os clichés constantes permitem-nos, igualmente, apreciar o traje estudantil em uso nos liceus, escolas superiores e universidade (já que a greve não se confinou a Coimbra).




Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 55, de 11 Março de 1907, pp. 294-296 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).








  Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 66, de 15 Abril de 1907, p.450 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).











 Ilustração Portugueza, III Volume, Nº 61, de 22 Abril de 1907, p.505 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).





Notas às Récitas dos Quintanistas de Lisboa

 


Embora não sejam propriamente parte da Queima (como cerimonial), não deixam de ser, também elas, expressão ligada aos festejos de final de curso/ano.

Já aqui tivemos oportunidade de falar (ver AQUI) das récitas dos estudantes de Coimbra (que estes levavam até outras localidades e cidades), que terão inspirado (como em tantas outras ocasiões) mais esta forma de exercício da cidadania académica.
Representações, música, números de variedades, poesia...... em espectáculos levados pro vezes bem longe, tanto quanto a fama, e sucesso, do programa apresentado.

Desta feita, aqui deixamos algumas fotos que ilustram estas actividades culturais e lúdicas, que eram tão do agrado das populações (e dos próprios).




 Ilustração, 8º Ano, Nº 9 (177), de 01 Maio 1933, p.25 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)



  Ilustração, 11º Ano, Nº 248 , de 16 Abril de 1936, p.25 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas ao percurso de um Bacharel de Coimbra

Um artigo que nos dá conta do percurso académico de um estudante em Coimbra (até se fazer bacharel - curso de 4 anos), as praxes, o estudo,...... um retrato muito interessante sobre a praxis na primeira década do séc. XX.

De notar que este artigo é acompanhado de imagens preciosas (forma de trajar, a pasta e fitas...), realçando-se uma que julgo profundamente importante: a trupe; pois são raros os clichés sobre este tipo de grupos.





Illustração Portugueza, II Série, Nº 302, de 04 Dezembro 1911, pp.710-713 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).


Terminamos este artigo, recorrendo à citação transcrita por João Baeta (a quem desde já agradeço):

"SAUDADES DE COIMBRA
Dizem-me, porém, que apezar de tudo, apezar da frivolidade pautada dos dias da Coimbra academica d'hoje, terei saudades
d'estes dias. Ter saudades de Coimbra é para o bacharel um tributo tão obrígatorio como o pagamento da congrua para o cidadão inscripto na matriz. Seria menos attentatorio dos nossos preceitos sociaes visitar alguém em chinellos, do que sahir de Coimbra sem a alma retorcida de saudades.
Póde representar torturas, difficuldades monetarias ou inteIlectuaes de toda a especie a conquista da bacharelice. EIIa póde equivaler a um numero sem fim de humilhações, de desalentos, de anciedades, de faltas d'ar e de confôrto, de revoltas e de desdens. Mas conduido o quinto anno, preparadas as malas, o bacharel observador dos bons costumes começa a desdobrar o lenço para enchugar lagrima. E enchuga a lagrirna ao chegar á Estação-Velha, ao perder de vista a silhueta ondulada da cidade, ao entrar na terra abraçado por parentes e amigos. E a todos assevera, os olhos humidos em alvo, a voz rouca da commoção, a mão espalmada sob peito:
- Ai, aquillo sim, meninos! Vida como aquella não torna!... "
 
SOUSA COSTA: 191?; 218/219

Notas de Meio Século de Vida Coimbrã

Um extenso artigo de 1906 que retrospectiva Coimbra, publicado sob o título  "Meio Século de Vida Coimbrã", onde surgem diversos testemunhos que nos transportam ao interior de uma Coimbra tradicionalistas, a Coimbra do romantismo e cavalheirismo, sita nos anos de 1860-70.


Para quem tiver vagar de ler, vale a pena.











Ilustração Portugueza, II Série, Nº 22, de 23 de Julho de 1906, pp.685-695 (Hemeroteca Municipal de Lisboa).

Notas à Vida de Coimbra

 Como a própria reportagem refere, tratam-se de "episódios da vida e da paizagem de Coimbra".

Ainda se consegue vislumbrar bem que o traje dos estudantes de Coimbra apresentava variantes, fosse nos coletes ou até no tipo de gravatas (que tanto eram pretas, como coloridas, às listas...).

Vale a pena recuar no tempo e revisitar a Coimbra de 1914.







                     Illustração Portuguesa, II Série, Nº 421, de 16 Março de 1914, pp.346-350 (Hemeroteca Municipal de Lisboa)